Quem é Dr. Jairinho, o vereador suspeito de matar o menino Henry
Filho de um coronel da Polícia Militar e ex-deputado estadual, que também já foi preso, Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, 43, é nascido e criado em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro —reduto político da família.
Pai de três filhos, frutos de duas uniões, ele é formado em Medicina, mas diz nunca ter exercido a profissão. Em 2004, ele se candidatou pela primeira vez a um cargo de vereador, aos 27 anos. Na ocasião, foi o candidato mais votado com 24 mil votos pelo PSC (Partido Social Cristão).
Hoje, Dr. Jairinho cumpre seu quinto mandato na Casa. Na eleição de 2020, Jairinho foi o 16º mais votado da Casa. Eleito pelo Solidariedade, o partido informou hoje sua expulsão sumária da legenda.
De atuação discreta na Câmara Municipal, o vereador já foi presidente da Comissão de Educação, vice-presidente da Comissão de Saúde, presidente da Comissão Especial do Plano Diretor do Município e primeiro-secretário da Casa.
O vereador foi autor dos decretos legislativos que suspenderam a aprovação automática nas escolas da rede municipal; do projeto que concedeu benefício de licença maternidade e paternidade para servidores públicos que adotem crianças e do tombamento da sede do Céres Futebol Clube —time de Bangu que disputa divisões inferiores do futebol carioca. O presidente da equipe é justamente Coronel Jairo, pai do vereador.
Descrito como observador, avesso a debates e bem articulado, Jairinho foi líder do governo na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) e, posteriormente, mudou de lado e trabalhou a favor da candidatura de Eduardo Paes (DEM), eleito em 2020.
Em 11 de março, três dias após a morte do enteado, Jairinho assumiu uma das sete vagas do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na Casa. O conselho é responsável por instaurar e conduzir processo disciplinar contra os parlamentares.
O conselho debate a situação do vereador, que teve o salário suspenso após o cumprimento de um mandado de prisão temporária contra ele e a namorada Monique Medeiros no caso da morte do menino Henry, 4.
Pai de Jairinho preso pela Lava Jato
Coronel Jairo, ex-deputado estadual ligado ao ex-governador Sérgio Cabral, foi um dos dez deputados presos por um suposto esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos.
Em novembro de 2018, a Furna da Onça, que mirou o esquema de corrupção de Cabral, apontou que deputados recebiam mesada do então governador para votarem a favor do governo na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
Na eleição, Coronel Jairo foi o primeiro suplente da coligação entre o Solidariedade, seu partido, e o PTB. Contudo, por estar preso não pôde assumir o mandato quando um dos eleitos —Anderson Alexandre, também do Solidariedade— foi para a prisão.
Jairo conseguiu um habeas corpus em dezembro de 2019.
Assessores dele estão entre os citados no relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que identificou movimentações atípicas de servidores da Alerj. Foi a partir desse documento que surgiram os primeiros indícios de rachadinha envolvendo Fabrício Queiroz e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Vereador preso em Bangu
A professora Monique Medeiros e Jairinho, mãe e padrasto do menino Henry Borel, responderão por "homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura" pela morte da criança, ocorrida no dia 8 de março.
O casal também será incriminado por "emprego de recurso que causou impossibilidade de defesa da vítima". Para a polícia, não resta dúvida de que Jairinho foi o responsável pelas lesões que levaram o menino à morte. Os investigadores dizem que a mãe dele sabia das agressões e nada fez.
Eles foram presos nesta quinta (8), exato um mês da morte de Henry, na casa de uma tia do parlamentar em Bangu, na zona oeste do Rio.
*Com reportagem de Igor Mello, do UOL, no Rio
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