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Família usa crianças em ritual contra covid; polícia apura maus-tratos

Crianças eram usadas em suposto ritual contra a covid-19, no Pará - Reprodução
Crianças eram usadas em suposto ritual contra a covid-19, no Pará Imagem: Reprodução

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL

16/04/2021 21h24Atualizada em 16/04/2021 23h46

Três crianças de uma mesma família foram resgatadas hoje durante um suposto ritual religioso, em Bragança, a 210 quilômetros de Belém.

Segundo o Conselho Tutelar da cidade, que tirou os menores da guarda dos parentes, familiares alegaram que a cerimônia teria como objetivo acabar com a pandemia de covid-19. A Polícia Civil apura o caso como maus-tratos.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra parte do resgate. É possível ver familiares com os ânimos exaltados enquanto agentes policiais e do Conselho Tutelar tentam convencê-los a entregar as crianças. As imagens mostram uma das meninas resgatadas coberta por um pano branco e posicionada em pé em frente a uma cruz.

O caso chegou até a Delegacia de Investigação de Crimes Contra a Criança e o Adolescente após a comunidade denunciar o ritual ao Conselho Tutelar. As crianças retiradas da cerimônia são irmãs e têm 1, 8 e 11 anos.

O ritual consistia, segundo a denúncia, em rezar em volta das crianças, posicionadas de pé em frente às cruzes, no quintal da casa. As vítimas dos maus-tratos ficavam dentro de um desenho que representava o que seria uma arca. A cerimônia ocorria em jejum, com duração de horas e ao longo de três dias.

"Fomos acionados devido às denúncias de maus-tratos das crianças. Elas estavam sofrendo e sendo agredidas. Chegamos lá e os familiares rezavam porque queriam acabar mesmo com a pandemia [através da cerimônia]", confirmou ao UOL a conselheira tutelar Maria Rosa.

De acordo com o órgão, as meninas estão em um abrigo municipal e aguardam decisão da Justiça para saber se retornarão para casa. Parentes chegaram a ser ouvidos na delegacia, mas foram liberados em seguida.

O inquérito do caso correrá em sigilo e é comandado pela delegada Luciana Nunes.

O UOL tentou contato com ela através da assessoria de comunicação, mas a Polícia Civil se posicionou por meio de nota, ratificando que investiga o ritual e que "novas diligências serão realizadas a partir dos depoimentos para apuração dos fatos e identificação de todos os envolvidos".