Professora se emociona ao dar aula virtual para apenas 1 aluno em SP
A aula de uma professora do litoral de São Paulo viralizou nas redes na última terça-feira (13), quando apenas um de seus 30 alunos de uma classe de Ensino Fundamental apareceu para o encontro virtual.
Durante a pandemia, Maria Najila Ferreira Santana, de 54 anos, transformou sua sala de estar em sala de aula. Sua lousa é um notebook colocado sobre a mesa de jantar e ela está sempre acompanhada de perto pela filha, Nayla, que disse ter registrado o momento da mãe ao ver sua "frustração".
"Eu vi ela estudando o conteúdo, fazendo recortes em papel colorido, enviando vídeos de apoio para a plataforma online da escola. Mas quando abriu a sala virtual, ninguém apareceu. A cada 10 minutos eu perguntava a ela se alguém tinha aparecido, mas ela dizia que não. Depois de 30 minutos, resolvi fazer o post e contar sobre a frustração dela", detalhou a jovem, de 21 anos.
Mas depois de uma hora de espera, segundo Nayla, a expressão da mãe se transformou quando o primeiro e único aluno se conectou à sala virtual.
"Ela deu aula para esse único estudante como se estivesse ensinando para os 30 que ela estava aguardando. Foi muito emocionante de ver e ela também se emocionou muito quando a mãe da criança abriu a câmera", concluiu.
Mas Maria Najila destaca que as aulas por internet têm sido um grande desafio desde o início da pandemia. A professora leciona para duas escolas da rede de ensino municipal de Guarujá, litoral de São Paulo. Uma localizada no bairro do Perequê, e a outra no Balneário Cidade Atlântica.
"Nunca havia me deparado com um desafio desses antes", comentou ela em entrevista ao UOL.
"A Secretaria de Educação (Seduc) vem fazendo um trabalho de adaptação de todo o conteúdo programático para o ensino remoto. E nós, professores, estamos nos esforçando para conseguir fazer um trabalho de excelência. Impossível conter a frustração diante da baixa frequência nas aulas online", concluiu, destacando ainda a frequente falta de estrutura na casa dos estudantes.
"Toda vez que um aluno aparece, dada a situação precária em que vivem nas suas comunidades, é uma alegria para mim. Acho que posso dizer que represento o sentimento de 100% dos professores do país".
Covid-19
A professora conta que no passado, quando a prefeitura ainda mantinha o esquema de ensino híbrido (hoje 100% remoto), acabou contraindo a covid-19.
Apesar de recuperada, ela traz sequelas da doença: uma dor de cabeça insistente.
"As dificuldades criadas pela pandemia são muitas, principalmente para as crianças das comunidades. Por isso, sonho com um futuro próximo mais justo e de mais igualdade. Sempre digo aos meus alunos: 'Vim aqui para trabalhar, então vou dar o meu melhor. Se você quiser aprender, vai aprender", opina.
Conteúdo online, mas disponível na versão impressa
Coordenadora geral de Ensino da Seduc de Guarujá, Erika Trombelli elogiou a dedicação da professora que, como outros 1.600 professores da rede municipal, tem de enfrentar as adaptações impostas pela pandemia.
Hoje, um ano após o início da pandemia, ela avalia o processo como uma obra em construção permanente.
"Aulas online, grupos de apoio no WhatsApp, material impresso, equipes multidisciplinares, atendimento psicossocial. Nosso objetivo é alcançar todos os alunos e dar suporte aos educadores. E a gente não desiste. Temos em mente que o processo educacional é de máxima importância para as crianças e jovens e é por isso que estamos estudando a abertura das escolas nas comunidades, para atender com exclusividade esse público que, no momento, não tem condições de acompanhar as evoluções tecnológicas do ensino", conclui.
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