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Médica grávida morre com covid-19 após perder os pais para doença no PR

Médica Carmela Louro Caneppa morreu aos 36 anos com covid-19; ela estava grávida, e o bebê não resistiu - Arquivo Pessoal
Médica Carmela Louro Caneppa morreu aos 36 anos com covid-19; ela estava grávida, e o bebê não resistiu Imagem: Arquivo Pessoal

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

19/04/2021 11h02

Dias depois de perder os pais para a covid-19, a médica paranaense Carmela Louro Caneppa, de 36 anos, também morreu em decorrência de complicações do novo coronavírus. Ela estava grávida de cinco meses e o bebê não resistiu. Ambos foram enterrados ontem, em Planalto, a 555 km de Curitiba.

Carmela estava internada na Policlínica São Vicente de Paula, em Francisco Beltrão, mas não resistiu à evolução da doença, deixando um filho de dois anos e marido. O pai dela, o médico João Caneppa, de 72 anos, perdeu a vida em 15 de março, e a mãe, a professora aposentada Neuza Caneppa, de 66, morreu em 13 de abril.

O irmão da médica, o engenheiro eletricista Rodrigo Caneppa, de 40 anos, contou que o pai foi o primeiro a ser diagnosticado. O teste apontou positivo para o coronavírus apenas três dias antes do falecimento.

"Nosso pai acabou se contaminando em um atendimento médico, mas o primeiro teste deu negativo e continuou trabalhando. Ele começou a sentir os sintomas e deu positivo no segundo exame, mas isso três dias antes do falecimento. A minha irmã se contaminou cuidando dele e imagino que nossa mãe também", relatou.

Neuza e João Caneppa, pais de Carmela, também morreram com covid-19 - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Neuza e João Caneppa, pais de Carmela, também morreram com covid-19
Imagem: Arquivo Pessoal

A morte da família foi lamentada por diversos amigos nas redes sociais. Rodrigo diz que as homenagens são resultantes do empenho dos três em suas respectivas carreiras.

Pai não se aposentou para enfrentar covid

O pai estava com idade para se aposentar, mas decidiu continuar atuando na pandemia em razão da escassez de médicos na cidade de Planalto. A mãe, mesmo após se aposentar das salas de aula, permaneceu atuando em projetos de incentivos à leitura.

Já Carmela quis seguir os passos do pai e optou por também atender em uma cidade do interior. Ela era médica em Santo Antônio do Sudoeste, no Paraná.

"Não imaginávamos o tamanho do carinho que a população e amigos tinham por eles. Os três dedicaram as suas carreiras para atender cidade pequena, não escolheram os grandes centros. O pessoal tinha muito carinho mesmo", comentou.

As prefeituras de Planalto e Santo Antônio do Sudoeste emitiram nota lamentando a morte dos três.