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Sem máscara, bispa Sônia prega a 500 fiéis em igreja reaberta hoje em SP

Sem máscara, Bispa Sônia Hernandes ministra culto na Renascer - Anahi Martinho/UOL
Sem máscara, Bispa Sônia Hernandes ministra culto na Renascer Imagem: Anahi Martinho/UOL

Anahi Martinho

Colaboração para o UOL

18/04/2021 20h19

"A despeito do excessivo aquecimento, vamos andar na fornalha. Pois Deus converteu a maldição em bênção", disse a bispa Sônia Hernandes para cerca de 500 fiéis, na manhã deste domingo (18), na Renascer Hall, na zona leste de São Paulo, sede da igreja evangélica Renascer em Cristo.

As celebrações religiosas presenciais foram liberadas pelo governo estadual na nova fase de transição do Plano São Paulo, que começou hoje. Nesta semana, os shoppings, galerias e comércio de rua também podem abrir, com horário reduzido. Tudo deve funcionar com 25% da capacidade e seguindo as medidas de segurança.

A líder da Renascer em Cristo, porém, não usou máscara enquanto a reportagem esteve no local. Ela pregou e cantou louvores das 10h às 12h e orientou os fiéis (todos de máscara) a desligarem a "Rede Covid".

"Tem uma rede de televisão aí que deveria se chamar Rede Covid. Rede Desgraça. Falam que os hospitais estão lotados, mas peraí: que dia que hospital público não esteve lotado? Que dia que não teve fila? Que dia que não teve maca no corredor?", questionou.

Esse foi o primeiro culto do dia na Renascer Hall, que tem capacidade para 3 mil pessoas sentadas. Com assentos intercalados, as 20 fileiras da frente estavam todas ocupadas. Em certo momento, seis dançarinas fizeram uma coreografia (todas de máscara) e dez músicos se apresentaram no altar, a maioria sem máscaras.

A bispa ainda tinha outros dois cultos agendados —às 16h, sozinha, e o último com o marido, o apóstolo Estevam Hernandes. Os horários foram adiantados e encurtados para cumprir o toque de recolher, a partir das 20h. O culto das 19h, o mais popular, ficou marcado para as 18h.

"Nós não esperávamos esse público todo, não", afirmou ao UOL o bispo Vlad Romera.

Nossa expectativa era um número menor de pessoas. A gente está dentro do distanciamento, tem cabine de desinfecção, álcool em gel, e as pessoas vieram, porque hoje a maior dor delas é na alma. Nós não fazemos outra coisa que não dar apoio àqueles que não conseguem se apoiar em nada.
Vlad Romera, bispo da Renascer em Cristo

Fiéis assistem culto na igreja Renascer - Anahi Martinho/UOL - Anahi Martinho/UOL
Fiéis assistem culto na igreja Renascer
Imagem: Anahi Martinho/UOL

Sobre a dispensa da máscara pela bispa Sônia e parte dos músicos, Vlad afirmou que está "tudo dentro do protocolo".

"Para ministrar, não precisa de máscara. O ministro não precisa de protocolo, nem os músicos. Na restrição passada, nós tínhamos orientação para não ter os dançarinos, não ter o coral", disse. "Voltamos a poder trabalhar como trabalhávamos anteriormente."

A assessoria de imprensa do governo do estado de São Paulo, porém, confirmou ao UOL que todos os participantes dos eventos religiosos, inclusive o ministro, padre ou pastor, devem permanecer de máscara na celebração.

Iraci Gomes de Barros, de 68 anos, saiu do culto contente. "Estava sentindo muita falta, é na igreja que o Senhor ordena bênção, é na congregação que a gente se une e se fortalece", comentou. "Vou estar presa dentro de casa, esperando o quê? Que o inimigo ande na rua espalhando mais e mais o vírus e palavras ruins, notícias horríveis? A palavra de hoje foi edificadora."

Iraci Gomes assistiu culto na Renascer Hall - Anahi Martinho/UOL - Anahi Martinho/UOL
Iraci Gomes assistiu culto na Renascer Hall
Imagem: Anahi Martinho/UOL

Elizeu Silva, 38, motorista de aplicativo, assistiu apenas uma hora de culto, para diminuir o tempo de exposição. "Estar junto é muito bom, mas às vezes o pessoal acaba perdendo o senso de realidade. Eu pedi milagre na área financeira e para Deus guardar minha família. Acho que é o básico que todo brasileiro está pedindo no momento, dinheiro e saúde", disse ele, que contou que parte de uma "minoria entre os evangélicos que não apoia este governo".

"Tem muito evangélico, acho que 80%, que acredita muito no presidente. Eu faço parte dos 20%. Para eles, a palavra do líder, do pastor, do bispo, do apóstolo, vale mais do que qualquer coisa, é como se fosse Deus falando. Infelizmente é assim", desabafou.

'Nem sabia que voltava hoje'

Na paróquia Santuário São Judas Tadeu, igreja católica no Jabaquara, zona Sul de São Paulo, 176 pessoas assistiram à missa do Padre Aluísio às 16h30. O local comporta 700 pessoas sentadas. O padre permaneceu de máscara durante toda a missa e homenageou os mortos por causa da covid-19, pedindo a Deus por saúde. "Jesus disse: 'perdoa-os, Pai, pois eles não sabem o que estão fazendo'", falou no sermão.

Maria das Graças Monteiro Siqueira, 59, estava passando pelo bairro, onde foi visitar uma sobrinha, quando viu a igreja aberta. "Eu nem sabia que voltaria hoje. Fico feliz de ter o privilégio de poder assistir uma missa. Igreja é essencial. Nas paróquias que eu frequento estou vendo bastante respeito ao distanciamento, medição de temperatura, não tem motivo para ter medo", adisse.

Funcionária de uma casa de repouso, ela afirma que o local proibiu visitas no início da pandemia e só teve dois casos.

Fiéis assistem missa na paróquia São Judas Tadeu - Anahi Martinho/UOL - Anahi Martinho/UOL
Fiéis assistem missa na paróquia São Judas Tadeu
Imagem: Anahi Martinho/UOL