Caso Henry: Mãe diz que foi 'medicada' por Jairinho na madrugada da morte
Por meio de uma carta de 29 páginas, a mãe de Henry Borel afirmou que, na madrugada do dia 8 de março —quando a criança morreu—, foi "medicada" pelo companheiro, o vereador Dr. Jairinho (sem partido). Ela disse que não presenciou qualquer cena de violência anterior contra o menino.
No relato, a professora dá sua nova versão do que aconteceu desde a noite de 7 de março até o momento em que o casal deixou o apartamento onde morava na Barra da Tijuca (zona oeste carioca) para levar o menino ao hospital. "Fui treinada por dias para contar uma versão mentirosa por me convencerem de que eu não teria como pagar por um advogado de defesa e que eu deveria proteger Jairinho, já que ele se dizia inocente", afirma ela.
O UOL obteve a íntegra da carta, divulgada na noite de ontem pelo programa Fantástico, da TV Globo.
Braz Sant'Anna, advogado de Jairinho, chamou o relato de Monique de "peça de ficção". "Sem falar sobre a tese da defesa, o que somente farei após a denúncia, posso adiantar que a carta da Monique é uma peça de ficção, que não encontra apoio algum nos elementos de prova carreados aos autos. Não há realidade no relato dela", disse o defensor, por meio de nota.
'Ele estava acostumado a me dar [medicamentos]'
"Depois que Leniel me entregou Henry no domingo [7 de março] ele estava chorando muito, pois realmente não queria subir", lembra a professora.
Ao longo do texto, Monique diz que o filho não quis comer e que pediu para ir dormir no quarto do casal. Como já adiantado na semana passada pela defesa da professora ao UOL, Henry teria relatado que gostaria de deitar na cama de Monique, "pois lá o 'tio Jairinho' não brigava comigo".
A mãe de Henry afirmou que, após dar banho na criança e colocá-la para dormir, voltou para a sala para continuar assistindo a uma série com o namorado.
"Entre 20:00 (aproximadamente) e 00:00 (aproximadamente), Henry acordou 3 vezes e eu fui colocá-lo para dormir novamente. Quando cansamos de assistir à série, por volta de 01:30 da manhã, disse para irmos ao quarto dormir. Ele [Jairinho] disse para irmos um pouco até o quarto de hóspedes para conversar um pouco", escreveu Monique.
De acordo com ela, após ligar a televisão e o ar-condicionado, Dr. Jairinho teria lhe dado dois medicamentos —Patz e Rivotril de 2 mg— algo que, segundo ela, já era costume acontecer.
"Ele estava acostumado a me dar, pois dizia que eu dormia melhor, mas eu não o vi tomando. Logo eu adormeci, acho que nem chegamos a conversar", diz Monique.
Monique diz ter sido acordada por Jairinho
Na carta, ela afirma que não teve conhecimento do ocorrido naquela madrugada. De acordo com Monique, Jairinho a acordou e pediu para que ela fosse até o quarto do casal, pois Henry não estaria respirando bem. Segundo a mãe do menino, ela não imaginou que a criança estivesse morta.
De madrugada ele me acordou, dizendo pra eu ir até o quarto, que ele pegou o Henry do chão, o colocou na cama e que meu filho estava respirando mal. Fui correndo até o quarto, meu filho estava de barriga para cima, descoberto, com a boca aberta, olhos olhando para o nada e pensei que tivesse desmaiado
À polícia, o casal deu outra versão: a de que Monique havia encontrado e criança desacordada no chão e chamado Jairinho.
Monique diz na carta que, após ver o filho desmaiado, pediu para que Jairinho —formado em medicina— olhasse a criança, "mas ele passou por nós pra ir até o banheiro".
Ainda naquela madrugada, Monique relatou que chegou a indagar Jairinho de como havia encontrado o filho.
Ele disse que escutou um barulho que chamou sua atenção e acordou pra ver. Que Henry tinha caído da cama! Então enrolei o Henry numa manta e corremos para a emergência do Barra D'Or. Mas em nenhum momento eu achava que estava carregando meu filho morto nos braços
Na carta, Monique pede para ser ouvida novamente pela Polícia Civil porque foi "orientada a mentir sobre a noite da morte do meu filho". Apesar disso, as autoridades descartaram colher um novo depoimento.
"Sinceramente, não sei o que ela teria a acrescentar na investigação agora que toda a versão dela foi desmontada. Já temos elementos para encerrar a investigação. Ela já mentiu. Quem garante que vai dizer a verdade agora?", questionou Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital.
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