Caso Beto: Viúva recusa acordo, mas Carrefour deposita R$ 1,1 milhão
O Carrefour anunciou hoje que depositou R$ 1,1 milhão para a viúva de João Alberto, morto após ser agredido por seguranças no estacionamento de uma unidade da rede na zona norte de Porto Alegre, no final do ano passado. Seis pessoas se tornaram réus pelo crime, e dois seguranças seguem presos.
Para a defesa de Milena Borges Alves, o depósito foi considerado uma forma para pressionar por um acordo. "Tentando pressionar. Mas a meu ver é um tiro no pé", entende Carlos Barata, um dos advogados da viúva. As negociações foram encerradas em 24 de março, quando Milena recusou R$ 1 milhão — ela pedia R$ 5 milhões.
"Se houve o depósito, é um absurdo. O Carrefour acha que pode fazer o que quer com a vida dos outros? Querem empurrar goela abaixo. É mais uma bizarrice do Carrefour. Não tem acordo (extrajudicial) com eles. É uma cartada extremamente arriscada. Se depositaram esse valor, vamos devolver", observa o advogado Hamilton Ribeiro, que também defende a viúva.
Procurado por UOL, o Carrefour informou que "em momento algum a intenção é pressionar um acordo" e que o depósito é uma "boa ação" da rede de supermercados. Além disso, a marca francesa afirmou que os advogados estão dificultando as tratativas com a viúva e cobrando honorários acima da tabela da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Para o UOL, Ribeiro negou as acusações do Carrefour, as quais classificou como "inverdades". "Nosso contrato está dentro dos parâmetros estabelecidos pela OAB", disse o advogado.
Um dos motivos para a recusa em março da quantia é que o valor oferecido é o mesmo pago pela morte do cão Manchinha, após ser espancado por um segurança, também no Carrefour de Osasco (SP). O caso aconteceu em 2018. A marca francesa assinou um termo de compromisso e destinou R$1 milhão para órgãos ligados à causa animal.
Em nota, divulgada na noite de hoje, o Carrefour informou que depositou "deliberadamente" a quantia para a viúva. "O depósito foi feito em uma conta criada com a finalidade de consignação extrajudicial para efeito de indenização e já está disponível para Milena, única familiar que ainda estava com a negociação de indenização em aberto", disse a rede de supermercados.
A defesa de Milena disse desconhecer o depósito e a conta mencionada.
Segundo ainda nota do Carrefour, a maior parte do valor — R$ 1 milhão — corresponde à soma do patamar máximo por danos morais e materiais fixados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Também foi depositado R$ 100 mil diretamente na conta bancária de Milena para "gastos mais urgentes da viúva", informou a rede.
Até agora, o Carrefour finalizou oito acordos com os quatro filhos de João Alberto, o pai, a irmã, a enteada e a neta dele.
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