'Chorando sei que tá vivo': Mensagem de babá de Henry revela nova agressão
Novos diálogos que fazem parte do relatório final produzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na investigação de homicídio de Henry Borel, morto na madrugada de 8 de março no apartamento da família na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, revelam grito, choro e outras agressões cometidas pelo vereador Dr. Jairinho (sem partido).
Um novo episódio foi revelado hoje em entrevista coletiva da polícia a partir de relato da babá Thayná de Oliveira Ferreira ao noivo em conversa pelo WhatsApp iniciada às 7h49 de 2 de fevereiro. "Não sei o que é pior, chorando ou mudo. Chorando sei que tá vivo", relatou a babá após o padrasto se trancar com o menino no quarto.
Na conversa, ela se refere ao parlamentar como "o doido", diz estar apavorada e afirma: "Parece que tá tampando a boca do menino".
Jairinho e a professora Monique Medeiros foram indiciados por homicídio duplamente qualificado —com tortura e meios que dificultaram a defesa da vítima. A Polícia Civil encaminhou ontem o inquérito ao MP-RJ (Ministério Público do Rio) com pedido de prisão preventiva contra ambos. Já a babá será investigada em outro inquérito pelo crime de falso testemunho, segundo aponta o relatório.
O relato do diálogo entre a babá e o noivo, anexado ao inquérito, motivou o indiciamento de Jairinho por mais um episódio de tortura —ele também foi indiciado pelo mesmo crime devido às agressões ocorridas em 12 de fevereiro relatadas pela babá e pelo espancamento que causou a morte do menino. Já a mãe responderá pelos mesmos crimes cometidos por Jairinho porque, segundo a polícia, não afastou o filho do agressor.
'Parece que tá tampando a boca do menino'
"Eu tô apavorada. Família de doido real. A criança vai ficar perturbada", escreveu Thayná em mensagem enviada ao noivo.
Em seguida, passou a relatar o que ocorria no apartamento. Na ocasião, a mãe da criança não se encontrava no imóvel.
"O menino estava chorando comigo no quarto querendo a mãe", relatou a babá. "Aí nisso o doido entrou [dizendo:] 'Henry, não pode chorar. Você é muito mimado'", prosseguiu. "O menino agarrou no meu pescoço. Começou a chorar muito mesmo, que você vê que não é normal."
Em seguida, a funcionária relatou que Jairinho entrou no quarto com o menino, dando início às agressões.
"Aí ele entrou com o menino para o quarto dele (fiquei sem saída né? Vou fazer o quê?)", explicou. "Agora o menino tá chorando no quarto", registrou.
Parece que tá tampando a boca do menino. Uma doideira de verdade. Aí veio agora tomar café. Natural, como se nada acontecesse
Na conversa, Thayná desabafa: "Eu sei que eu tô trêmula. Uma sensação muito ruim, sabe. De não poder fazer nada".
Em seguida, desabafa mais uma vez, demonstrando preocupação com a opinião de Henry por ela deixá-lo com Jairinho. "Eu tô com medo dele associar que eu sou uma pessoa ruim que deixei ele com o louco."
O que dizem os advogados
Ao UOL, a defesa de Jairinho disse que só comentará as acusações após a denúncia ser oficializada. Questionada sobre a possível abertura de um inquérito paralelo por falso testemunho por causa do primeiro depoimento da babá Thayná de Oliveira Ferreira, a advogada Priscila Sena disse que só irá se posicionar se a cuidadora for intimada.
A defesa de Monique Medeiros criticou a Polícia Civil pela conclusão do inquérito que investigava a morte do menino Henry. Os advogados da professora disseram que o caso "foi finalizado prematuramente com erros investigativos."
O delegado Antenor Lopes, diretor de Polícia Civil da capital, rebateu as acusações. "Lamentamos esse tipo de tentativa desesperada de quem está tendo dificuldade de encontrar argumentos."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.