Jacarezinho mostra falência da segurança e desprezo pela vida, diz Anistia
A diretora-executiva da Anistia Interacional no Brasil, Jurema Werneck, citou a falência da segurança pública e o desprezo pela vida ao comentar a operação policial na comunidade do Jacarezinho, localizada na zona norte do Rio, que resultou na morte de 28 pessoas no início do mês. A operação gerou protestos e críticas, além de um pedido da ONU para que sejam investigadas denúncias de execuções sumárias.
"Me dói o coração porque se trata de uma chacina. São muitas pessoas mortas, atacadas, traumatizadas, com sequelas que vão durar a vida toda. Sejam os familiares das pessoas, os sobreviventes, quem esteve por ali, a comunidade como um todo", disse Jurema, durante o programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite de hoje.
"Eu não sei o que dizer na verdade o que tem por trás dessa aceitação dessa violência, mas tem muitos fatores por aí. O primeiro é a falência da promessa da segurança pública. A violência tem sido uma marca da nação brasileira. Por fim, tem um profundo desprezo pela vida das pessoas, em especial pessoas que moram nas favelas, nas periferias, a vida das pessoas negras, jovens, de gente como eu, esse desprezo marcado pelo racismo", completou, em seguida.
A ação na favela realizada no último dia 6 é considerada a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, segundo pesquisadores, associações e profissionais que atuam na área. Ela ocorreu após o STF (Supremo Tribunal Federal) restringir operações durante a pandemia e a menos de uma semana da posse definitiva do governador Cláudio Castro (PSC) depois do impeachment de Wilson Witzel.
Na ocasião, Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos criticou a violência na comunidade pediu que investigações imparciais sejam abertas. "Estamos profundamente perturbados pelas mortes numa operação policial", disse Ruppert Colville, porta-voz da ONU.
Um grupo de manifestantes realizou um protesto nos acessos à comunidade do Jacarezinho, carregando um pano preto com a seguinte mensagem: "Justiça para Jacarezinho. Fim do massacre nas favelas". Outra mensagem dizia: "Não vamos esquecer". Um desenho de 24 cruzes (número oficial de mortos até então) acompanhava o texto. "Parem de nos matar", afirmava outra mensagem.
Discussão sobre direitos humanos
No programa, Jurema Werneck também falou sobre o "longo caminho de convencimento", de "afirmação dos direitos humanos"
"Essa coisa de ser a favor ou contra... direitos humanos não é uma questão posta a plebiscito. A humanidade sofreu muito para chegar a uma visão de que é preciso patamares de dignidade para todo mundo, todas e todos, não importam quem seja. É um esforço desejável, necessário, mas prazeroso também, de recuperar em todas e todos nossa humanidade", disse ela.
"Quando um humano diz 'sou contra os direitos humanos' é uma coisa que não faz sentido. É para todo mundo, é para você, para mim, para quem é feio, bonito, alto, baixo, quem gosta ou não. É para todo mundo", concluiu.
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