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Metroviários aceitam proposta de conciliação e suspendem greve em SP

19.mai.2021 - Greve de metroviários paralisa operação de algumas linhas de metrô em São Paulo - Anahi Martinho/UOL
19.mai.2021 - Greve de metroviários paralisa operação de algumas linhas de metrô em São Paulo Imagem: Anahi Martinho/UOL

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo*

19/05/2021 20h56Atualizada em 19/05/2021 22h49

Os metroviários de São Paulo decidiram aceitar as propostas feitas durante a audiência de conciliação com o MPT (Ministério Público do Trabalho) e o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e suspender a greve já a partir da meia-noite. Com isso, voltam a funcionar normalmente a partir desta quinta as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata (monotrilho).

O Metrô (Companhia Metropolitana de São Paulo), contudo, disse que não pode aceitar a proposta "nos termos em que foi formulada". Então uma nova assembleia será realizada na próxima terça-feira (25) para avaliar a situação.

A audiência foi realizada na tarde de hoje enquanto ocorria a greve. Nela, o MPT e o TRT sugeriram as seguintes propostas:

  • Reajuste salarial e no VR e VA de 7,79% a partir de maio/2021;
  • Pagamento diferido do adicional noturno de 40% até janeiro/2022 e pagamento das diferenças atrasadas nos meses de fevereiro, março e abril/2022;
  • Pagamento diferido do adicional de férias - Pagamento de 60% até janeiro/2022 e pagamento das diferenças atrasadas nos meses de fevereiro, março e abril/2022;
  • Gratificação por tempo de serviço: congelamento por um ano a partir de maio/2021, com o restabelecimento dos pagamentos a partir de maio/2022;
  • Pagamento em 31 de janeiro de 2022 da 2ª parcela da PPR de 2019 (judicializada) mediante a formalização de um acordo que contemple as condições e critérios do valor a ser pago;
  • Abono salarial a ser pago em 31 de março de 2022, equivalente ao piso normativo da categoria dos metroviários vigente em março de 2022 para todos os empregados;
  • Manutenção de todas as demais cláusulas previstas na Sentença Normativa 2020/2021.

Também foi acrescentada uma cláusula de paz em que propõe a suspensão da greve, enquanto o Metrô não fará "demissão, punição e desconto salarial durante o procedimento judicial".

"A proposta do tribunal atendeu parcialmente a nossa reivindicação", disse Wagner Fajardo, coordenador do Sindicato dos Metroviários, ao UOL. "É uma proposta semelhante ao que foi feito no ano passado."

O Metrô, no entanto, informou que não poderia atender às propostas do MPT e TRT "nos termos em que foi formulada". A empresa disse que "pode melhorar a sua proposta do dia 17 de maio, antecipando o pagamento da PR de 31 de janeiro de 2022 para 31 de agosto de 2021 e o abono salarial de 31 de março de 2022 para 31 de janeiro de 2022".

A companhia concordou com a cláusula de paz.

É muito lamentável a postura do Metrô e do governo de não aceitar a proposta do tribunal, porque a proposta também se preocupou com a saúde financeira da empresa, tanto que propôs deixar de pagar uma parte dos benefícios que nós temos, para pagar só no ano que vem. Mas mesmo assim o governo rejeitou.
Wagner Fajardo, coordenador do Sindicato dos Metroviários

Após a audiência, o sindicato realizou uma assembleia e abriu votação para a categoria decidir se aceitaria ou não a proposta do tribunal. Desde o início, a diretoria orientou que os metroviários votassem por aceitar a proposta do TRT, mas rejeitar a do Metrô.

Em nota o sindicato informou que, dos 3.274 participantes, 3.064 (93,5%) aprovaram a proposta do TRT, 2.633 (80,4%) pessoas rejeitaram a do Metrô e 2.488 (75,9%) concordaram com a suspensão da greve.

"O objetivo é que a gente mantenha a categoria firme e mobilizada porque, se for necessário, a gente retoma a luta", disse Fajardo.

O sindicato elogiou a greve de hoje pela grande adesão da categoria. "A categoria não titubeou em defender os seus direitos, mesmo com a pressão que sofreu. Teve uma adesão massiva à greve que, inclusive, assustou a direção do Metrô."

A paralisação de hoje

A decisão pela greve havia sido tomada na noite de ontem após nenhum representante da administração pública comparecer a outra audiência no TRT, segundo relata a entidade. Com previsão inicial para durar 24 horas, a greve teve início à 0h e afetou o funcionamento de linhas cuja operação é feita pelo Estado: 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata.

O Sindicato dos Metroviários alega que os salários estão congelados há dois anos, sem reajuste pela inflação e com perda real calculada em cerca de 10%. Também afirmam não receber a Participação nos Resultados (PR) referentes aos anos de 2019 e 2020. Já a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, do governo estadual, diz que o reajuste proposto de 2,61%, além de benefícios, representa "excelentes condições", especialmente durante a pandemia de covid-19.

Afetados pela greve, usuários do Metrô reclamaram de maior demora para chegar ao destino e de aglomerações provocadas em meio à pandemia. Segundo afirmam, houve sobrecarga para a CPTM - já que os trens acabaram recebendo parte da demanda de passageiros. Por causa da paralisação, o rodízio de veículos também foi suspenso pela prefeitura.

Um dos dirigentes do sindicato, Altino Prazeres chegou a afirmar que a categoria estaria disposta a voltar ao trabalho, se a tarifa deixasse de ser cobrada dos usuários. "Se deixarem a catraca aberta, voltamos a trabalhar na mesma hora. Sempre dizem que quando entramos de greve, isso atrapalha o transporte público. Mas, se o governo topar, a gente topa também."

* Com Estadão Conteúdo