Doria diz que greve dos metroviários é 'inoportuna e inadequada'
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) disse hoje que a greve dos metroviários, que paralisou quatro linhas do metrô nesta manhã, é "inoportuna e inadequada". A declaração foi dada ao UOL News.
Segundo o governador, o setor é amplamente beneficiado, tem média salarial de R$ 9,5 mil, além de ter sido incluído como prioridade da vacinação contra covid-19. Ele não especificou detalhes sobre o levantamento que apontou esta média salarial na categoria.
"As pessoas deviam reclamar com o sindicato não com o governo. O momento é o mais inadequado para fazer uma greve, o setor é amplamente beneficiado, tem média salarial elevada e o metrô propôs 2,6% de aumento salarial num momento difícil da economia".
Para Doria, a paralisação mostra "falta de capacidade de análise das circunstâncias e egoísmo pessoal". "Não critico os metroviários, critico o que fazem nesse momento da pandemia que já afeta a vida de muitas pessoas".
Reivindicação
O Metrô de São Paulo entrou em greve à 0h desta quarta-feira (19). Os trabalhadores reivindicam "reajuste salarial, pagamento da Participação nos Resultados e contra a retirada de direitos". A categoria acusa o Metrô de persistir em uma proposta que reduz os direitos trabalhistas.
De acordo com sindicato, dos 3.162 participantes da assembleia, 2.448 (ou 77,4%) votaram pela greve. A proposta do Metrô foi rejeitada por 88% dos votantes.
A tentativa de acordo continuou ontem mas, segundo o sindicato, o Metrô não compareceu à Audiência de Conciliação realizada hoje no Tribunal Regional do Trabalho para que novos termos fossem negociados.
A culpa dessa greve é do governo de São Paulo. Do Doria, do secretário do transporte, e dos seus representantes. Nesse sentido, a proposta que a empresa nos fez é uma proposta absurda
Altino de Melo, coordenador do Sindicato dos Metroviários
O Metrô usou seu Twitter para lamentar a decisão dos funcionários da companhia.
Procurado pelo UOL, o Metrô de São Paulo respondeu que 'fez uma proposta de acordo salarial aos seus empregados muito acima do que é praticado no mercado de trabalho'. A nota também ressalta a liminar do TRT-SP que determina a manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico. Veja abaixo a nota na íntegra.
'É inadmissível que o sindicato dos metroviários, com toda a linha de frente vacinada e com a crise econômica que estamos passando, decida fazer uma greve que irá prejudicar exclusivamente o cidadão que necessita do transporte público para ir ao trabalho.
O Metrô de São Paulo fez uma proposta de acordo salarial aos seus empregados muito acima do que é praticado no mercado de trabalho e previsto na legislação trabalhista. O sindicato certamente vive em uma realidade diferente do restante do país, que sofre com desemprego, perda de renda e fome. O Metrô manteve todos os serviços e seus empregados apesar do prejuízo de R$ 1,7 bilhão no último ano e de mais de R$ 300 milhões no primeiro trimestre de 2021.
Ainda assim, o Metrô ofereceu a manutenção de diversos benefícios muito além dos exigidos pela CLT, como o pagamento de vales Refeição e Alimentação, Previdência Suplementar, Plano de Saúde sem mensalidade, hora extra de 100% (CLT determina 50%), adicional noturno de 30% (CLT determina 20%), abono de férias em 40% (CLT determina 1/3), complementação salarial para afastados e auxílio creche/educação, dentre outros.
Reivindicar novos aumentos salariais e de benefícios, punindo a população com a paralisação do transporte público e deixando milhares de pessoas que cuidam de serviços essenciais, como saúde e segurança sem transporte é desumano e intransigente. Lamentamos muito que isso esteja ocorrendo e iremos trabalhar para oferecer o melhor transporte aos cidadãos. Liminar da Justiça do Trabalho determina manutenção de 80% dos trabalhadores no horário de pico e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários.'
As propostas
O Metrô recusou a proposta feita pelo Ministério Público do Trabalho na reunião conciliatória entre as partes.
O MPT propôs, entre outros, reajuste salarial de 9,7% em 3 parcelas sendo a primeira em maio de 2021, a segunda em janeiro de 2022 e a terceira em maio de 2022, adicional noturno de 40% até dezembro de 2021 e pagamento da segunda parcela da PR (Participação nos Resultados) em janeiro de 2022.
A empresa, por sua vez, ofereceu reajuste salarial de 2,61%, não retroativo, a partir de 1º/1/2022, pagamento da Participação nos Resultados da 2ª parcela somente em 31/1/2022, adicional noturno de 35%, entre outros.
Proposta feita pelo Ministério Público do Trabalho
- Reajuste salarial de 9,7% em 3 parcelas sendo a primeira em maio de 2021, a segunda em janeiro de 2022 e a terceira em maio de 2022
- Adicional noturno de 40% até dezembro de 2021 e retorna ao patamar atual em janeiro de 2022
- Adicional de férias de 50% até dezembro de 2021 e retorna ao patamar atual em janeiro de 2022 com pagamento das diferenças do período
- Pagamento da segunda parcela da PR (Participação nos Resultados) em janeiro de 2022
- Manutenção de todas as demais cláusulas do Acordo Coletivo de 2020/2021
Proposta do Metrô
- Reajuste salarial: 2,61%, não retroativo, a partir de 1º/1/2022. Mesmo índice e condições para o vale-refeição e o vale-alimentação
- PR 2019: pagamento da 2ª parcela somente em 31/1/2022 e mediante "formalização de acordo que contemple as condições e critérios do valor a ser pago"
- Gratificação de férias: aplicação da fórmula que consta no Acordo Coletivo porém com adicional de 60%
- Adicional noturno: 35% sobre salário-base
- Abono salarial: pagamento só em 31/3/2022, equivalente ao piso normativo da categoria vigente em março de 22, para todos os empregados.
- Gratificação por Tempo de Serviço: pagamento somente aos funcionários que completaram o 5º ano de trabalho até 30/4/21. Não haverá acréscimo de 1% por ano a esses trabalhadores. Essa cláusula não se aplicará aos admitidos a partir de 1º/5/2021.
- Demais cláusulas: manutenção do que consta no Acordo Coletivo
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.