RJ: Polícia não sabe se 16 presos por tráfico têm elo com sumiço de meninos
A Polícia Civil do Rio não sabe se as 16 pessoas presas hoje de manhã por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas estão ligadas ao desaparecimento de três meninos em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense, em dezembro.
Entre os detidos, há até cinco suspeitos de ligação com a tortura e expulsão de um morador a mando do "tribunal do tráfico" apontado pelos próprios criminosos como responsável pelo sumiço das crianças na comunidade Castelar. Os investigadores informam apenas que eles serão ouvidos, mas não revela novos fatos que ajudem a esclarecer o crime.
A principal hipótese para a polícia é de que os meninos Lucas Mateus, de 8 anos, Alexandre Silva, de 10, e Fernando Henrique, 11, foram capturados por traficantes após terem sido acusados pelo furto de um pássaro.
Mas a operação policial, que contou com a participação de cerca de 150 agentes, não trouxe novos elementos sobre a investigação. Segundo a Polícia Civil, a ação cumpriu mandados de prisão temporária e de busca e apreensão contra um grupo suspeito de envolvimento com o tráfico e outros crimes, como homicídios, porte ilegal de arma, corrupção de menores e roubos de carga.
A subtração de pássaros de determinado traficante pode ter levado ao crime. Houve ainda a tortura de um morador para incriminá-lo. Infelizmente, são três crianças desaparecidas. Quando tivermos provas, trataremos [a investigação] de outra forma
Uriel Alcâncara, delegado da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense)
"Como a principal linha de investigação no desaparecimento das crianças é o tráfico de entorpecentes, nós entendemos que possamos obter elementos que nos permitam avançar na investigação", complementou o delegado Roberto Cardoso, diretor do DGHPP (Departamento-Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Na operação, a Polícia Civil também apreendeu um carro com vestígios de sangue no porta-malas. Segundo os investigadores, o veículo foi usado para transportar o corpo da vítima de um homicídio ocorrido há cerca de um mês. Mas o caso, com suspeita de envolvimento do tráfico de drogas, não tem relação com o sumiço dos meninos.
'No Jacarezinho, houve resistência'
Os detalhes das prisões e da operação foram revelados em uma entrevista coletiva na Cidade da Polícia, na zona norte do Rio.
O delegado Felipe Curi, diretor do DGPE (Departamento Geral de Polícia Especializada), disse que a Polícia Civil se limitaria a responder apenas a questões relacionadas ao caso. Mas a operação policial que deixou 28 mortos na favela do Jacarezinho no dia 6 deste mês, a mais letal da história do estado, foi citada pelos delegados.
"Foram 16 presos sem qualquer reação por parte dos criminosos. Importante ressaltar que a ação da polícia depende da reação dos criminosos. Como não houve reação, todos foram presos", disse Curi.
"A operação de hoje, como no Jacarezinho, foi para cumprir mandados, dentro da legalidade. Mas, no Jacarezinho, houve resistência dos criminosos", comparou o delegado Roberto Cardoso.
Quase cinco meses sem respostas
Lucas, Alexandre e Fernando desapareceram no dia 27 de dezembro do ano passado, quando deixaram um campo de futebol, no Castelar, em direção à feira de Areia Branca, a 3 km de casa.
A única linha de investigação da polícia é que traficantes estariam por trás do sumiço dos garotos.
Uma força-tarefa foi criada no mês passado para reforçar as investigações sobre o caso.
Em março, o MP-RJ (Ministério Público do Rio) encontrou imagens de câmeras de segurança que flagraram os meninos passando pela Rua Malopia, em um bairro vizinho. Essa imagem já estava em posse da Polícia Civil, mas os meninos só foram identificados após o MP submeter o vídeo a técnicas de melhorias de imagens. A pista apareceu dois meses após o registro do desaparecimento das crianças.
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