O que fica é uma pancada no peito, diz primo de vítima de desabamento no RJ
Parentes de Kiara Abreu, 26, mulher retirada dos escombros de um imóvel em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, disse que a família está apreensiva em ter que contar sobre o falecimento do marido, Natan Gomes, 30, e da filha de 2 anos. Outras três pessoas foram resgatadas com vida após o desabamento do prédio, na madrugada desta quinta-feira (3).
"Como a gente vai conseguir falar pra ela? O que fica de fato é uma pancada no coração", disse aos jornalistas José Airton Júnior, primo de Kiara. Os familiares estão no IML (Instituto Médico Legal) para liberar o corpo da bebê. Kiara está internada em estado grave.
"A gente não está acreditando", comentou outro primo, Jonas Alves da Silva.
De acordo com a família, a menina era filha única do casal, que estava junto há quase quatro anos. Natan era técnico em informática e tinha uma lan house que funcionava no primeiro andar do prédio que desabou. A loja estava fechada no momento do desabamento. Kiara trabalhava em casa com e-commerce. Ela mantinha uma loja de roupa de criança e enviava as peças para todo o Brasil.
Kiara veio do Pará para o Rio de Janeiro ainda adolescente. Segundo a família, atualmente, ela trabalhava e estudava.
Prefeitura diz que construção era irregular
A Prefeitura do Rio informou que o prédio era irregular. Técnicos da Defesa Civil Municipal avaliam os danos que foram causados na vizinhança. Seis imóveis, além do que desabou, já foram interditados.
A Secretaria Municipal de Assistência Social acolheu 20 pessoas de sete diferentes imóveis, todas desalojadas. No prédio que desabou, moravam sete pessoas —uma não estava em casa.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PSC), esteve no local do desabamento e defendeu que "a fiscalização deve ser integrada entre a Prefeitura e o Estado. É um ponto que precisa melhorar e, por isso, eu e o prefeito vamos sentar para entender como isso pode ser feito por meio dos projetos de infraestrutura".
O prefeito Eduardo Paes (DEM) também visitou a área e disse que não vai permitir mais construções irregulares na cidade. "Agora, é uma realidade da cidade. Não vamos retirar todas as casas de todas as favelas do Rio. O que se tem que fazer é olhar essas áreas com mais riscos, olhar essas construções e tentar fazer e produzir melhorias habitacionais", declarou.
A região de Rio das Pedras, onde vivem cerca de 60 mil pessoas, é conhecida como um dos lugares com maior atuação das milícias cariocas. Em 2019, outro prédio construído de maneira irregular desabou em Muzema, perto dali, e deixou 24 mortos.
De acordo com a Secretaria de Conservação, desde janeiro, somente nas áreas de AP 4 e AP 5, que englobam a zona oeste, já foram demolidas mais de 180 construções irregulares e emitidas mais de 150 notificações, que geram processos administrativos visando a demolição.
O Ministério Público afirmou, em nota, que o desabamento ocorreu na construção de um imóvel familiar cujo proprietário não tem, a princípio, relação com a milícia. "É um problema habitacional e social. As informações iniciais obtidas pelo GAECO/MPRJ não vinculam o caso de hoje à exploração imobiliária da milícia, mas isso será objeto de aprofundamento", diz o texto.
Duas vítimas tiveram alta
Vizinhos disseram que a estrutura estalou, hoje, antes de desmoronar, por volta das 3h. Os bombeiros foram acionados às 3h20 e retiraram, ainda de madrugada, três pessoas feridas do local —duas irmãs de Natan e o marido de uma delas:
- Antônia Tatiana Leonardo de Souza, 38;
- Nataniela de Souza Brás, de 28; e
- Jonas Rodrigues de Souza, 29.
Antônia e Jonas tiveram alta pela manhã. Nataniela permanece internada.
Kiara conversou com os bombeiros enquanto ainda estava sob os escombros. Ela foi resgatada pela manhã, com ferimentos nas pernas, e levada para o hospital. Em seguida, os bombeiros encontraram os corpos da filha e do marido.
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