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Foragido, médico suspeito de matar tio é preso durante plantão em ala covid

Jorge trabalhava como médico atuando na linha de frente no combate a pandemia - Reprodução/ Linkedin
Jorge trabalhava como médico atuando na linha de frente no combate a pandemia Imagem: Reprodução/ Linkedin

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

18/06/2021 10h02Atualizada em 18/06/2021 11h15

O médico Jorge Fernando de Souza Silva, de 27 anos, que estava foragido há um ano e meio pelos crimes de homicídio e tentativas de homicídio foi preso ontem enquanto realizava plantão médico no hospital do Núcleo Habitacional Comendador José Zill, de Areiópolis (SP).

Jorge é suspeito de matar o próprio tio com 23 golpes de faca, no dia 1 de janeiro de 2018. O crime aconteceu em Agudos, também no interior do estado de São Paulo, em um ponto da cidade conhecido como Cruz de Ferro. Na época do assassinato, Jorge estudava medicina em uma faculdade em Ouro Preto, em Minas Gerais e passava férias na cidade.

O profissional atuava na linha de frente no combate à pandemia atendendo pacientes com Covid-19.

Segundo a ocorrência, o médico e o tio foram vistos dentro do carro de Jorge no dia do crime. A investigação apontou que os dois tiveram uma desavença anterior e o crime acontece depois de os dois fazerem uso de entorpecente.

A identificação de Jorge como o responsável pelo crime foi feita após perícia no carro do jovem, que encontrou uma amostra de sangue da vítima no veículo.

No dia 2 de janeiro, 24 horas depois de ter assassinado o tio, o médico teria tentado atacar duas mulheres, também dentro do seu carro e no mesmo local. No entanto, as vítimas viram uma faca e luvas que estavam no interior do automóvel e fugiram do local, segundo a polícia.

No dia seguinte mais um caso envolveu o médico. Ele é acusado de esfaquear um homem também no local conhecido como Cruz de Ferro. O rapaz foi atingido com uma facada no tórax, mas conseguiu fugir e pedir ajuda. Por essa tentativa de homicídio, o médico ficou preso por dois meses, em 2018, mas foi solto para responder ao crime em liberdade até o julgamento.

Somente em janeiro do ano passado a prisão preventiva do médico foi decretada. Desde então ele vinha sendo procurado pela Polícia Civil.

Após a prisão, o rapaz foi levado para a Cadeia Pública de Avaí, informou a SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo).

A reportagem do UOL entrou em contato com a defesa do médico que explicou que o processo tramita em segredo de Justiça.

"Não podemos dar informações detalhadas sobre o caso. O que podemos dizer é que ele é inocente e não tem qualquer tipo de relação com acusação e isso será provado no decorrer do processo", disse a defesa em nota.

Atuação como médico

Jorge atua como médico desde janeiro do ano passado, data da sua inscrição no CFM (Conselho Federal de Medicina). Ele trabalhava na linha de frente de combate à covid-19 em um posto de saúde municipal, em Areiópolis.

Segundo a Diretoria Municipal de Saúde, o profissional era contratado de uma empresa terceirizada que presta o serviço de atendimento médico no município.

"Informamos que mantemos um contrato com a empresa Serviços e Assistência Médica Bidim Lelis LTDA - EPP, e todos os médicos plantonistas que prestam serviços em nossa unidade de saúde são contratados por esta empresa, não tendo qualquer vínculo com a administração municipal. Salientamos ainda que não tínhamos nenhum conhecimento dos fatos, onde o médico em questão está devidamente registrado no CRM, cujo registro está ativo, estando apto a prestar os atendimentos e nunca tivemos nenhum tipo de problema com a conduta profissional do mesmo", diz nota emitida pelo executivo.

A reportagem do UOL procurou a empresa Bidim Lelis citada pela prefeitura, que explicou que desconhecia a existência do processo contra o profissional e que o médico sempre trabalhou corretamente.

"O médico prestou serviços de forma esporádica cobrindo eventuais faltas de médicos, e atuava na ala covid substituindo a médica que está em isolamento por ter se contaminado com doença. O profissional sempre trabalhou corretamente, inclusive não havendo qualquer reclamação por parte dos pacientes que foram por ele atendido. A empresa desconhecia por completo a existência de qualquer problema criminal envolvendo o médico", diz a nota.