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Falsos policiais sequestram homem e abandonam vítima algemada após acidente

Grupo que sequestrou investidor foi capturado em câmera do elevador - Reprodução
Grupo que sequestrou investidor foi capturado em câmera do elevador Imagem: Reprodução

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

01/07/2021 18h09Atualizada em 01/07/2021 18h09

Um investidor da Bolsa de Valores escapou por pouco de um sequestro no município de Praia Grande, no litoral de São Paulo. Por volta das 6h da manhã de ontem, quatro homens disfarçados de policiais civis entraram no prédio onde ele mora, o capturaram e só não conseguiram concluir a ação porque o carro que dirigiam na fuga colidiu com uma van.

A vítima mora em um condomínio de classe média alta no bairro do Canto do Forte, um dos mais valorizados da cidade. Os criminosos chegaram ao edifício portando distintivos e um mandado de prisão falsos contra o investidor, e convenceram o porteiro a abrir o portão para eles.

Câmeras de monitoramento registraram a entrada de três falsos policiais no edifício. Segundo informações da Polícia Civil, um homem trajado com camisa social se identificou na portaria como delegado e os outros dois, que usavam boné no momento do crime, como investigadores. O quarto suspeito ficou do lado de fora, em frente ao prédio.

Os três usavam máscaras sanitárias pretas e subiram a escadaria que dá acesso ao saguão do elevador para se dirigir ao apartamento da vítima que, diante da caracterização falsa, acabou permitindo a entrada dos criminosos.

No interior do imóvel, o investidor foi então rendido e algemado. Os homens reviraram o apartamento e recolheram um celular, dois notebooks, dinheiro e documentos.

Interrogada pelos falsos policiais, a vítima acabou revelando que possuía um cofre com valores em outro apartamento. Eles então ameaçaram prender o investidor, caso ele não os levasse até o outro imóvel.

O grupo desceu pelo elevador, passou pela portaria e entrou num automóvel Fiat Uno branco, onde o quarto envolvido na tentativa de sequestro aguardava.

Em alta velocidade, o carro seguiu pela Rua Jaú, quando acabou sendo atingido em um cruzamento por uma van que trafegava pela Avenida Marechal Maurício José Cardoso. Os homens largaram a vítima algemada no banco de trás do carro e fugiram a pé.

"Na hora da batida, acordamos aqui em casa por causa do estrondo", contou o morador de um prédio que fica na esquina de onde ocorreu o acidente. "O motorista da Van que atingiu o Fiat Uno ficou muito bravo, sem saber do que se tratava e tentou discutir com os homens sobre o prejuízo. Eles foram saindo de fininho e sumiram".

Falsos policiais roubaram outro carro para seguir na fuga

Ao alcançarem a Avenida Paris, também em Praia Grande, os falsos policiais abordaram um veículo dirigido por uma mulher. Com as armas em mãos, eles a fizeram parar o carro e tentaram por várias vezes obrigá-la a passar para o banco de passageiros, com o intuito de levá-la como refém.

Com a recusa repetida da possível nova vítima eles acabaram desistindo e seguiram com o carro roubado em direção a São Vicente. O veículo ainda não foi localizado pela polícia.

Segundo depoimento, os criminosos levaram, além do carro, o celular da mulher, o que possibilitou que realizassem operações bancárias, com retiradas que somaram um prejuízo de R$ 15 mil.

A Polícia Civil encontrou coletes e os distintivos usados pelos falsos policiais no interior do carro que eles abandonaram após colidir com a van. O caso foi registrado no 2º DP de Praia Grande como sequestro e cárcere privado, roubo, extorsão e lesão corporal culposa, e segue sob investigação.

Investidor recebia ameaças por conta de dívidas

Em depoimento, o investidor que escapou do sequestro revelou que vinha recebendo ameaças há cerca de um mês, por conta de dívidas que teria contraído.

Um morador do condomínio do homem, que pediu para não ser identificado, contou ao UOL que a vítima é inquilino do apartamento no edifício e não possui dívidas com os administradores.

O UOL procurou a Polícia Civil para obter mais informações sobre o caso mas, até a publicação desta matéria, não teve resposta. A administradora do residencial onde a vítima foi sequestrada não foi localizada.