SP: Sindicato dos Metroviários faz queixa-crime para anular leilão de sede
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo apresentou uma queixa-crime à polícia pedindo uma investigação sobre a venda da sede da entidade pelo Metrô. Segundo o sindicato, houve irregularidades no leilão do imóvel, realizado em maio. O objetivo da denúncia é anular o leilão.
A sede foi vendida por R$ 14,4 milhões para a empresa UNI 28 SPE, criada por Marco Antonio Melro, da construtora Porte. O sindicato aponta como indício de irregularidade o fato de a diretora da UNI 28, Milena Alves Siqueira, ser casada com Mauricio Teixeira Soares, coordenador de Gestão de Contratos do Metrô.
A entidade afirma, ainda, que houve uma visita de uma funcionária da Porte Engenharia e do representante de uma empresa de demolição à sede antes do leilão, com o objetivo de saber quais móveis seriam retirados do local. "Ou seja, as pessoas que venceram a licitação já sabiam que seriam os novos proprietários do imóvel", diz o sindicato.
Em nota enviada ao UOL, o Metrô afirmou que o sindicato está "desesperado", e que utiliza o nome de um funcionário "que atua em uma área sem qualquer relação com a venda do terreno". "A denúncia de ilegalidade é infundada e tal acusação deverá ser comprovada sob pena de responderem civil e criminalmente", diz a nota.
A Porte Engenharia, dona da UNI 28 SPE, afirmou que o leilão teve outros três participantes, e que o valor oferecido pela sede, de R$ 14,4 milhões, está "bem acima das propostas iniciais". Ainda de acordo com a empresa, a operação seguiu todos os trâmites das "boas práticas comerciais" e os parâmetros legais. A nota encaminhada pela Porte afirma que a colaboradora mencionada pelo sindicato não atua na UNI 28 SPE, e que seu marido não tem vínculo com a área do Metrô que foi responsável pela licitação. "O Grupo Porte ressalta sua indignação com o constrangimento causado a sua colaboradora e seus familiares sem nenhum fundamento plausível", diz o texto.
Terreno estava cedido ao sindicato
A sede fica na zona leste da capital paulista, entre as estações Carrão e Tatuapé da linha 3-vermelha do Metrô. O terreno estava cedido ao sindicato por comodato desde o final dos anos 1980.
Em abril, a gestão do governador João Doria (PSDB) abriu uma licitação para a venda do imóvel, pedindo que o sindicato desocupasse o local em até 60 dias. De acordo com o sindicato, a venda tem motivação política.
À época, o governo afirmou, em nota ao jornal Folha de S.Paulo, que a situação econômico-financeira do Metrô estava piorando, e que era preciso otimizar recursos, "sobretudo edifícios e terrenos".
"Com isso, a companhia avisou ao Sindicato dos Metroviários que pretende vender a área e, exclusivamente se houver a venda, haverá a necessidade de desocupação da mesma. O sindicato poderá se planejar para a desocupação do local, se ocorrer de fato o processo de venda", dizia a nota do governo estadual.
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