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Advogado tenta defender flanelinha e acaba agredido com socos por PM em GO

Testemunhas gravaram em vídeo a abordagem dos PMs; um deles foi afastado - Instagram/reprodução
Testemunhas gravaram em vídeo a abordagem dos PMs; um deles foi afastado Imagem: Instagram/reprodução

Pedro Paulo Couto

Colaboração para o UOL, em Goiânia

21/07/2021 22h42Atualizada em 22/07/2021 10h12

Um vídeo gravado na manhã desta quarta-feira (21), em Goiânia, mostra o advogado Orcélio Ferreira Silverio Júnior, de 32 anos, sendo agredido por policiais militares do Giro (Grupamento de Intervenção Rápida Ostensiva). As imagens, que se espalharam pelas redes sociais ao longo do dia, mostram o homem imobilizado no chão e, mesmo assim, recebendo socos no rosto. As agressões foram registradas após o profissional tentar intervir na abordagem de cinco PMs a um flanelinha (como são conhecidos os guardadores de carros estacionados).

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Goiás. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Goiás repudiou o ato, citando que houve "truculência e despreparo" dos policiais envolvidos na ocorrência.

Nas imagens, o advogado aparece rendido no chão, cercado por cinco PMs, e, então, é agredido com uma sequência de socos no rosto por um deles. Pessoas próximas tentaram impedir o ato, mas foram contidas um segundo policial, que mandou uma testemunha parar de gravar. Em outro vídeo, o advogado, mesmo algemado, leva um tapa e é arrastado na calçada.

Segundo testemunhas, Orcélio Júnior teria se identificado e tentado conversar com os militares que abordavam um flanelinha na região do Terminal Praça da Bíblia, no Setor Leste Universitário. Em seguida, houve a imobilização do advogado. Os relatos ainda dão conta que ele chegou a desmaiar após ser agredido.

A Polícia Civil de Goiás informou que o advogado foi conduzido à Central de Flagrantes. Em nota, afirma ainda que a corporação tomou as medidas cabíveis para esclarecimento dos fatos e, se necessário, comunicará a Corregedoria da Polícia Civil para as devidas providências.

Por meio de nota, a Polícia Militar de Goiás alega que um Procedimento Administrativo Disciplinar foi instaurado para apurar o que ocorreu e afastou das atividades um dos policiais, o envolvido nas agressões ao advogado. O texto diz ainda que o caso será investigado com rigor, pois a corporação não compactua com excessos.

A PM alega que foi ao local após receber uma denúncia de extorsão e ameaça cometidas pelo "flanelinha". Diz também que ele possuía "histórico criminal", sem revelar detalhes. De acordo com a corporação, durante a abordagem o advogado avançou o perímetro de segurança, não teria se identificado e recusou a ordem dos militares para se afastar.

A reportagem do UOL entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás, mas ainda não obteve resposta.

Repercussão

Em vídeo divulgado horas depois da abordagem, o advogado Orcélio Ferreira Júnior disse que apanhou novamente na delegacia, no momento de registrar a ocorrência. "Fui agredido até na triagem e vou fazer um novo exame de corpo de delito", contou.

Em nota assinada pelo presidente, Lúcio Flávio Siqueira, a OAB de Goiás destaca que o advogado foi "covardemente agredido verbal e fisicamente pelos policiais militares do Giro". O posicionamento reforça que os vídeos chocam e estão em desacordo com as diretrizes da corporação.

"Basicamente, pelo abuso nítido na conduta dos policiais, que agiram de forma desmedida, empregando força além da necessária para o caso, em total descompasso com as garantias constitucionais, legais, e até mesmo contra as disposições contidas no Procedimento Operacional Padrão (POP) da Polícia Militar do Estado de Goiás", cita parte do texto.

A OAB-GO ainda afirmou que vai acompanhar o caso através da Comissão de Direitos e Prerrogativas e da Comissão de Direitos Humanos.