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Mineiros casam após os 70 e ensinam: 'O amor não tem tempo, nem idade'

Idosos casam após os 70, em MG e ensinam: "O amor não tem tempo, nem idade" - Arquivo pessoal
Idosos casam após os 70, em MG e ensinam: 'O amor não tem tempo, nem idade' Imagem: Arquivo pessoal

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

14/08/2021 04h00

A solidão que acompanhou, por três décadas, a vida da enfermeira Maria Gonçalves de Andrade, 74, e, por 12 anos, o aposentado Arlindo Alves, 77, acabou com ajuda da neta da idosa, Stephane Andrade, que foi o cupido do casal. Maria e Arlindo se conheceram em maio, depois que a neta perguntou se a avó não sentia a vontade de se casar e contou que tinha um senhor da mesma cidade dela, Montes Claros (MG), que estava à procura de uma companheira por estar se sentindo muito solitário.

Eles se casaram no civil, no último dia 4, e afirmam que estão vivendo os dias mais felizes das vidas de ambos. Dona Maria, em entrevista ao UOL, destacou que nunca é tarde para amar e recomeçar.

"Estamos conhecidos na cidade por conta do nosso casamento. O amor não tem tempo, nem idade. É amor o que a gente sente um pelo outro, e agora é só alegria. Estamos vivendo dias muito felizes e a solidão ficou para trás, agora estamos juntos para o resto das nossas vidas", ressaltou a recém-casada.

Ela tem cinco filhos, 15 netos e dez bisnetos de um relacionamento que terminou em 1989, quando ela se mudou da Bahia para Minas Gerais para tentar a vida. Já seu Arlindo tem dois filhos, que residem em São Paulo, e ficou viúvo há 12 anos. A família toda, segundo dona Maria, está contente com a felicidade do novo casal e apoiou desde o início a união.

História de amor diferenciada

Casal civil - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Maria e Arlindo se uniram graças à ajuda de uma neta-cupido
Imagem: Arquivo pessoal

Dona Maria contou que, depois da conversa da sobre Arlindo, sentiu despertar a vontade de ter um companheiro e decidiu, no dia seguinte, ir à procura da casa dele para conhecê-lo. "Ela me disse que era um senhor muito distinto, que dava certo comigo e eu fiquei pensando, mas não disse nada. No dia seguinte, eu inventei que ia fazer uma caminhada e saí à procura da casa dele com um ponto de referência que minha neta falou. Achei, bati na porta e ele veio atender. Ele me contou que já me conhecia porque uma vez eu aferi a pressão dele", relata a enfermeira.

A conversa na calçada ficou longa, e cortês, seu Arlindo chamou dona Maria para entrar na casa para tomar um café com bolo. Conversa vai, conversa vem, seu Arlindo citou que se sentia muito sozinho e confessou estar procurando uma companheira, mas que "as mulheres de hoje em dia não queriam compromisso sério". Dona Maria observou todo o diálogo e contou que há 30 anos não tinha mais um companheiro, mas nada disse sobre uma possível relação.

"A conversa foi tão boa que eu acabei demorando a voltar para casa e minha neta saiu atrás preocupada, afinal, eu tinha saído para uma caminhada. De repente, ela bateu na porta e me achou proseando com Arlindo. Eu ainda fiquei por algum tempo lá, porque aferi a pressão arterial dele e estava alterada, esperei baixar para voltar para casa. Não falamos em namoro, mas disse que depois voltaria para conversarmos", lembra a senhora.

Não demorou. No dia seguinte, ela resolveu voltar à casa de seu Arlindo decidida a aceitar um pedido de namoro. "Fui rápido para ele não 'escapulir'. Para não perder tempo, porque poderia haver alguma concorrência se tivesse outra mulher interessada nele. Ele me pediu em namoro, aceitei. Começamos a namorar no dia 4, mas aquele namoro de antigamente", conta sorrindo.

"Quero casar com a sua avó, eu gostei dela e ela gostou de mim", disse seu Arlindo, quando Stephany foi buscá-la novamente. Já em casa, a neta incentivou: "ele dá certinho com a senhora!". Mais uma vez, o cupido fazendo seus arranjos. Ela, então, os ajudou ao tirar segunda via da certidão de nascimento de seu Arlindo em um cartório de outra cidade e deu entrada com os papéis para o casamento no cartório em Montes Claros.

Os dois se casaram no fórum de Montes Claros, às 9h do dia 4 de agosto. A comemoração foi na casa do noivo, com um jantar e uma mesa com bolo e doces. Ela contou que é protestante da Assembleia de Deus e que já está levando seu Arlindo para a igreja. "Ele vai se batizar agora em setembro. Durante um culto, recebemos uma benção do pastor", contou.

A recém-casada contou que no dia do casório ficou tão nervosa que precisou tomar um calmante. Enquanto ela se arrumava em um quarto, seu Arlindo a esperava na sala de casa para não ferir a tradição de ver a noiva antes do casamento. "Quando comprei o vestido, guardei bem embalado para ele não ver, para não dar nada errado. Ele ficou surpreso quando me viu toda arrumada e disse: 'como você está linda!', me deu um abraço e eu falei: é hoje o dia do nosso casamento."

Matrimônio oficializado, dona Maria contou que só levou as roupas, um conjunto de panelas, um conjunto de taças de cristal e algumas tigelas para a casa do marido. Todos os objetos da casa dela foram doados a pessoas carentes. "A geladeira foi para uma pessoa que não tinha uma em casa, o fogão também, o mesmo foi com a cama e outros objetos, eram todos novos. Deixei a minha vida de solidão para trás para viver a felicidade com Arlindo".