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Mulher relata assédio sexual em ônibus a caminho da faculdade no MA: 'Medo'

Fernanda Mota compartilhou desabafo nos Stories do Instagram nesta manhã - Reprodução/ Instagram
Fernanda Mota compartilhou desabafo nos Stories do Instagram nesta manhã Imagem: Reprodução/ Instagram

Do UOL, em São Paulo

26/08/2021 21h37

A estudante de nutrição Fernanda Mota, de 20 anos, fez um longo relato em seu perfil no Instagram narrando um assédio sexual que ela sofreu na manhã de hoje em um ônibus até a faculdade onde estuda, em São Luís, no Maranhão. Ela contou o medo e constrangimento que passou enquanto seguia na linha de ônibus Raposo - São Francisco. O homem foi expulso do coletivo e chegou a ser agredido por outro passageiro, mas não foi preso.

"Compartilhei [meu relato] para mostrar força para as mulheres que passam por isso diariamente e não têm essa coragem de expor, por medo, por insegurança. Tive muito medo na hora que aconteceu tudo, fiquei sem reação", afirmou a jovem em entrevista ao UOL. Ela foi encorajada por uma amiga, já que seus posts poderiam servir para ajudar outras pessoas que passam por situações parecidas.

[ALERTA DE GATILHO]

Nas publicações, Fernanda aparece chorando e escreveu que jamais imaginaria passar por uma situação como a que ocorreu. A condução estava lotada e não tinha assentos disponíveis. Em dado momento, ela se viu presa pelo suspeito quando notou que ele estava com o pênis ereto.

"Então fui 'me saindo' e indo para o lado, mas na minha, sem falar nada. [...] Superassustada, porém com medo de falar algo e ele vir para cima de mim ou algo do tipo", escreveu. Foi quando uma outra jovem notou o que estava ocorrendo e começou a gritar para ele se afastar dela.

foto 1 - Reprodução/ Instagram - Reprodução/ Instagram
Jovem publicou fotos emocionada em meio ao seus relatos
Imagem: Reprodução/ Instagram

Fernanda disse que o homem negou que estivesse fazendo qualquer coisa e chamou a outra jovem de louca, que mobilizou os passageiros para que ele fosse expulso. "Depois disso, os homens começaram a gritar com ele e pediram para o motorista parar o ônibus. Colocaram ele para fora e um dos homens desceu e bateu nele".

Em estado de choque, a estudante de nutrição começou a chorar e ficou tremendo muito. "Só naquele momento minha ficha caiu e eu entendi o que estava acontecendo".

Apoio

Sem a ajuda da jovem, Fernanda disse que provavelmente ficaria naquela situação até chegar na faculdade. Apesar de ter temido expor o que passou, desde que fez seu relato, por volta das 10 horas da manhã a universitária vem recebendo muitas mensagens de consolo, carinho e ainda relatos de mulheres que também já sofreram assédio, mas não falaram publicamente.

"Recebi muitos desabafos de mulheres que não conheço. [...] Não devemos nos calar. Hoje foi comigo e provavelmente com outras. Amanhã, infelizmente, provavelmente também será com outras mulheres", lamenta a jovem. No ano passado, o Brasil teve uma média de 204 processos por mês ou cerca de sete processos por assédio sexual por dia.

Fernanda ainda não fez um boletim de ocorrência para denunciar o homem, mas já foi orientada por uma advogada e deve denunciar. "Na hora, nem pensamos nessas coisas. Eu só queria que ele descesse do ônibus, ninguém filmou, ninguém tem foto. Ainda estou vendo como que faz [para denunciar] nesse tipo de situação", conclui.

Como denunciar violência

Caso a vítima tenha sofrido violência sem ferimentos graves, ela pode recorrer imediatamente à Delegacia da Mulher, se existir essa unidade em seu município, ou a delegacia de Polícia Civil, para registrar o boletim de ocorrência.

Quando houver ferimentos graves, com necessidade de pronto atendimento, a unidade de saúde ou hospital deverá fazer o encaminhamento ou orientar a paciente para que procure a delegacia de polícia. Na maioria dos casos com internamento, o próprio hospital confirma a violência e avisa à Polícia Civil.