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Sem socorro, 2 crianças yanomâmi morreram de malária em RR, diz conselho

Comunidade do Xaruna, região do Parima, em Roraima; conselho diz que duas crianças morreram por falta de socorro - Divulgação/Condisi-YY
Comunidade do Xaruna, região do Parima, em Roraima; conselho diz que duas crianças morreram por falta de socorro Imagem: Divulgação/Condisi-YY

Do UOL, em São Paulo

11/09/2021 14h54

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomâmi e Ye'kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que duas crianças morreram de malária na quinta-feira (9) por falta de atendimento médico na comunidade do Xaruna, região do Parima, em Roraima.

Em contato com o UOL, Hekurari disse que as crianças tinham seis meses e um ano de idade. Segundo ele, a comunidade começou a fazer alertas sobre a situação na última terça-feira (7), ao Distrito de Saúde Indígena Yanomâmi (Dsei-Y), responsável pelo atendimento médico na região. O Dsei-Y é subordinado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que faz parte do Ministério da Saúde.

Hekurari afirmou que mais seis crianças e dois idosos estão em estado grave à espera de atendimento.

"Até o presente momento, o Dsei Yanomâmi não demonstrou agilidade em realizar os resgates das crianças e de duas idosas que ainda se encontram em estado grave, o que poderá ocasionar o óbito como ocorreu com as duas [crianças]", disse.

Hekurari diz ter recebido "a informação de que diversos resgates foram impossibilitados de ser realizados por falta de combustível".

Em resposta, o coordenador do Dsei-Y, Rômulo Pinheiro, afirmou ao UOL que ainda não há confirmação sobre os óbitos e que uma equipe médica se deslocou para a comunidade na manhã de hoje. Segundo ele, o atendimento na região é prejudicado pela resistência dos indígenas a equipes médicas, com a ocorrência frequente de hostilidades.

Sobre as datas do alerta e a eventual demora para atendimento, o coordenador diz que o caso está em apuração e que irá esperar informações precisas para se posicionar.

Ofício ao MPF

O presidente do Condisi-YY, que tem entre suas atuações intermediar a comunicação entre os povos e os órgãos que prestam assistência, enviou um ofício para o MPF (Ministério Público Federal) pedindo uma intervenção dos órgãos responsáveis para resolver a situação.

"O cenário é grave e demanda uma atuação coordenada e integral dos órgãos responsáveis pela política de saúde, sem abrir mão de todos os apoios e parcerias com a sociedade civil necessários nesse momento. Solicitamos que as instituições públicas cumpram o seu papel legal e constitucional, em todos os níveis federativos, pois é inadmissível que os Yanomâmi fiquem sem assistência por questões meramente fúteis", diz o ofício assinado por Júnior Hekurari.