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Polícia investiga sargento após vídeo com ofensa racista e ameaça a mulher

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

18/09/2021 11h59

A Polícia Civil de Santa Catarina abriu hoje um inquérito para investigar um sargento da reserva da PM (Polícia Militar) flagrado, em vídeo, falando ofensas raciais, afirmando que "não suporta negros" e ameaçando agredir uma mulher. O caso aconteceu em São Ludgero (SC), a 182 km de Florianópolis.

Na gravação, que se espalhou nas redes sociais, o homem, que não teve o nome divulgado pelas Polícias Civil e Militar, aparece com os ânimos exaltados.

"Teu filho é um maldito de um negro desgraçado, que é pirracento", gritou, antes de ser questionado pela mulher, que o gravava, sobre o motivo de não gostar de "moreno".

"Eu tenho ódio, porque eu sou racista, porque eu não suporto negro. Eu tenho amigo negro, mas amigo decente, não essa negrada", responde.

A mulher, então, pede que o homem não bata nela. O sargento pega um chinelo e fala para a vítima repetir o pedido.

"Quer ver? Fala de novo. Fala de novo, sua macaca do c******, demônio, desgraçada", ameaça.

De acordo com a Polícia Civil, o sargento ainda será intimado e ouvido. Ele não se apresentou na delegacia para prestar esclarecimentos nem apontou advogado como defensor. Não identificado pela reportagem, ele não foi localizado para esclarecer o caso. O espaço segue aberto para atualização, tão logo ele deseje se manifestar.

Polícia Civil busca ouvir envolvidos

O caso é apurado como crime de racismo, informou ao UOL o delegado Éder Matte. Ele disse que a Polícia Civil tomou conhecimento do vídeo depois que mensagens de WhatsApp foram enviadas por moradores de São Ludgero.

Pelas informações iniciais apuradas pela Polícia Civil, a vítima seria ex-mulher do sargento.

"O inquérito foi instaurado e estamos tentando mais detalhes. A princípio, essa mulher seria uma ex-companheira dele, que estamos tentando ouvir, até para dar um suporte, como um pedido de medida protetiva. O caso chegou até a gente pelas redes sociais. A comunidade ficou muito revoltada quando tomou proporções e comecei a receber as imagens dos próprios moradores", disse o delegado.

Matte afirmou ainda que a mulher não registrou boletim de ocorrência, mas, como se trata de um caso de racismo, de acordo com o artigo 20 da Lei nº 7.716/1989, o inquérito não precisaria da manifestação inicial da vítima. No entanto, alega ter certeza de que o vídeo não foi feito nas últimas horas e, por isso, não haveria flagrante.

O artigo citado pelo delegado define como crime "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". A pena é reclusão de um a três anos e multa.

Corregedoria

Em nota, a PM de Santa Catarina confirmou que o homem é um sargento, na reserva desde 2016, mas não informou o nome dele. A corporação informou que, mesmo sendo da reserva, ele será investigado pela corregedoria.

"A PMSC repudia toda e qualquer tipo de violência contra a mulher ou vulnerável, bem como qualquer tipo de racismo. Diante deste fato, a referida ocorrência deverá ser apurada com rigor por todos os processos legais. Todo policial militar, seja de ativa ou da reserva, deve seguir em conformidade com os dispositivos previstos no Regulamento Disciplinar da PMSC, Código Penal Militar e legislação penal geral. O caso identificado será encaminhado à Corregedoria-Geral da PMSC", diz texto divulgado pela corporação.