Araçatuba: O que já foi solucionado sobre o mega-assalto a bancos
Vinte dias após o ataque a três agências bancárias, em Araçatuba, interior de São Paulo, apenas oito pessoas foram presas suspeitas de integrarem a quadrilha que levou terror ao município de cerca de 200 mil habitantes na madrugada do dia 30 de agosto. A polícia acredita que ao menos 30 homens participaram da ação.
Três suspeitos morreram, um deles em uma troca de tiros com a Polícia Militar no dia dos ataques, que deixou também outros dois suspeitos feridos à bala. Antônio Carlos Fermino Bezerra morreu dias após dar entrada na Santa Casa de Piracicaba e Anderson Luis de Oliveira foi encontrado morto em um terreno em Sumaré. Como ele usava colete balístico, a polícia acredita que ele foi ferido no ataque e, como não resistiu, foi deixado no local pelos comparsas.
Na última terça-feira (14) a Polícia Federal, que comanda as investigações, deu mais um passo na tentativa de desarticular a quadrilha. Vinte mandados de busca e apreensão foram cumpridos, dois em Araçatuba, um Guarulhos, seis em São Paulo, oito em Campinas e três em Piracicaba (SP). A PF afirma que a maioria dos integrantes do grupo é da capital paulista, da região de Campinas e Piracicaba, e faz parte de grupos ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Durante os vinte dias de investigação oito suspeitos foram presos. No entanto, quatro já estão em liberdade. Incluindo o homem apontado como sendo o financiador da ação com aporte de R$ 600 mil, mas por falta de provas ele foi liberado.
A Polícia Federal afirma ainda que a ação dos bandidos foi um fracasso, já que o objetivo da quadrilha era roubar cerca de 90 milhões da sala-cofre da agência do Banco do Brasil - uma das atacadas. Entretanto, um mecanismo de destruição de cédulas com lâminas e tinta foi acionado e impediu a apreensão total do dinheiro. Com a inutilização das notas, são emitidas novas cédulas pelo Banco Central, sem prejuízo financeiro. Foi a primeira vez que esse sistema, instalado neste ano, foi acionado.
A estimativa, então, é de que a quadrilha tenha roubado R$ 2 milhões em dinheiro e cerca de R$ 5 milhões em joias.
O que já foi apreendido pela polícia
Ao menos oito carros usados pela quadrilha foram apreendidos após serem encontrados abandonados em cidades vizinhas à Araçatuba.
Entre eles, estão veículos de luxo, das marcas Mitsubishi e Porsche. O segundo, de modelo Cayenne, é vendido por no mínimo R$ 549 mil na versão mais recente. Além da Porsche Cayenne, também foram apreendidas uma Mitsubishi Pajero, com preço inicial de R$ 283 mil na versão mais nova, e uma Mitsubishi Outlander, com valor mínimo de R$ 130 mil pelo último modelo.
Além dos carros, dois suspeitos de participarem do ataque também foram presos em São Pedro, na região e Piracicaba (SP). Com eles, a polícia apreendeu roupas táticas, coletes balísticos, lanternas, binóculos, máquina para contar dinheiro, munições de calibre 0.40 e 380, carros, além de cerca de R$ 3 mil. A Polícia Federal não confirma se mais dinheiro levado na ação foi apreendido em outras situações.
Antes de deixar a cidade de Araçatuba, os criminosos espalharam explosivos pela cidade. Foram 98 no total, o maior da história do país, segundo levantamento inédito feito pela Associação Mato-Grossense para o Fomento e Desenvolvimento da Segurança.
Os dispositivos tinham sensores para ativar explosões por celular à distância seja por mensagem ou por ligação. Todos os artefatos foram recolhidos pelo Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e detonados em um aterro sanitário da cidade. Foram cerca de 30 horas para concluir a detonação.
Morador ferido recebe alta hospitalar
Na manhã de ontem, o último dos cinco moradores da cidade que ficaram feridos no ataque aos bancos recebeu alta da Santa Casa de Araçatuba. O ataque foi apontado como o mais violento do tipo nos últimos dois anos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O metalúrgico Lucas Nunes da Silva, de 31 anos, foi baleado pelos suspeitos quando voltava para casa. Ferido, Lucas bateu a moto que pilotava na traseira de um caminhão estacionado.
O metalúrgico foi socorrido em estado grave, passou por duas cirurgias e deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na quarta-feira (15), quando soube do que havia acontecido.
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