Pai solteiro: Servidor ganha guarda provisória de bebê e licença de 6 meses
O servidor público Wellington Corrêa, de 46 anos, conseguiu a guarda provisória da pequena Ana Clara, de apenas 3 meses, e com isso recebeu uma licença-paternidade de 180 dias do TJMT (Tribunal de Justiça de Mato Grosso). Foi a primeira concessão do tipo para um servidor solteiro. Nesta semana, ele está concluindo documentos e cuidados com a saúde da bebê com exames médicos em Cuiabá, após receber a notícia da guarda provisória, importante passo para a adoção, confirmada em 15 de setembro.
"15 de setembro é uma data que nunca mais vou esquecer na minha vida, me foi concedida a guarda provisória dela, ainda nesse processo de habilitação para adoção", afirma emocionado Wellington, em entrevista ao UOL. Ele já está em processo de adoção após receber prazo de seis meses para ajuizar a ação.
Contudo, Wellington faz questão de reforçar que ainda não foi declarado o pai de Ana Clara de forma definitiva. Isso ocorrerá apenas depois que o processo de adoção iniciado por concluído com a entrega da guarda definitiva da bebê, sonho alimentado há mais de duas décadas: "É uma vontade desde muito cedo, desde meus 20 e poucos anos eu já pensava em adotar. Aquilo me tocava de uma certa forma".
"O ato de adotar não é simplesmente adotar e pronto. É um filho, alguém que você vai ter para o resto da vida. Você precisa de estrutura emocional, física, familiar, financeira", observa. Wellington já tinha falado com amigos que esse seria o último ano de tentativas após quatro anos na fila para adoção.
"Em julho tive a notícia de que eu estava entre os primeiros da fila e seria um dos próximos a ser apresentado a uma criança. A minha perspectiva era de que seria uma criança mais velha. Criança de meses a primeira pessoa da fila vai pegar", conta o servidor, que não imaginava ter a guarda de uma bebê de meses.
A chegada de Ana Clara
"É uma sensação que não dá para explicar", declara o pai adotante quando soube que receberia a guarda provisória de Ana Clara. Ao longo da jornada até a chegada dela, ele fez curso, passou por entrevistas com psicóloga, visitas ao lar em que estava a bebê e ficou na expectativa para ser escolhido.
A psicóloga então manifestou que ele estava preparado para receber Ana Clara, passando por audiência em 15 de setembro. "Você fica sem ação. Pedi dois dias para o magistrado, para que eu pudesse adquirir as coisas: berço, carrinho, roupa... Todo aparato para receber essa criança em minha casa. É muito emocionante sair de loja em loja".
"Todas as lojas que eu entrava perguntavam: 'Cadê a mãe? Ela não pode vir?'. Parece que só mãe compra as coisas para as crianças", relatou ele.
O restante da família mostra entusiasmo com a vitória: "Meus familiares estão babando. Ela é a única neta pequena da minha mãe, que tem dois netos que já são adultos. Agora tem essa doçurinha para bagunçar a vida de todo mundo, no sentido bom".
Chefe de gabinete de uma desembargadora, ele precisou avisá-la sobre a chegada de Ana Clara, situação que ele classifica como complicada, já que não é possível planejar um afastamento de forma mais rápida nesses casos. Porém, tudo deu certo para ele conseguir a licença-paternidade de 180 dias.
"A gestão atual é muito inovadora, o meu caso é o primeiro de licença-paternidade. A expressão 'solteiro' tomou mais evidência, mas é um direito do adotante independente do estado civil", ressalta.
Nova rotina
As dicas das amigas que são mães têm ajudado Wellington na adaptação de sua nova rotina desde o banho até colocar para dormir e saber o que comprar. Tudo agora se volta em prol de Ana Clara.
"Minha rotina deu uma guinada de 180 graus. A minha vida agora gira em torno dela, porque tudo que eu vou fazer eu preciso do horário dela. Você tenta uma rotina, mas você não manda no soninho, na fome", afirma ele.
O servidor conta que as noites não são muito difíceis, já que a filha costuma dormir por longos intervalos.
"É um cansaço prazeroso, você ver o sorriso no rostinho dela. Estamos estreitando os laços agora. Uma criança gerada em uma família a construção desse laço vem desde a gestação. No meu caso é a partir de agora. Por isso, eu precisava da licença para ficar o maior tempo possível com minha filha. Preciso estar com ela no colo, ela precisa sentir o meu calor, meu cheiro. A gente precisa se conhecer", diz ele.
Wellington deixa um recado para quem quer adotar: "Tem tantas crianças precisando de um lar e tanta gente precisando de uma criança. Temos que voltar os olhos e dizer: 'Na verdade, eu que estou precisando'. A gente é escolhido, não é a gente que escolhe a criança. Estou aprendendo com ela. Precisamos olhar a adoção com outros olhos", conclui.
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