Gasolina causou explosão de churrasqueira que matou 3, afirma sobrevivente

A explosão de uma churrasqueira em um sobrado no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, que deixou três pessoas mortas, teria sido provocada pelo uso de gasolina derramada diretamente nas chamas.

A afirmação é de Willian Silva Benitez, de 28 anos, que está internado na UTI do Hospital Evangélico Mackenzie, com 98% do corpo queimado, e da mãe dele, Márcia Campos Silva, que falou com o UOL na manhã de hoje. A terceira vítima da explosão, a secretária Larissa Petez, de 20 anos, será sepultada nas próximas horas, no Cemitério Vertical, na capital paranaense.

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Durante o resgate de Willian ao hospital, ele repetia que havia alertado para que não fosse jogada gasolina diretamente na churrasqueira, afirma a mãe do rapaz, com base em relatos dos amigos que estiveram no evento.

Todos estavam desesperados e falaram que a gasolina causou a explosão. Eu moro na frente e cheguei bem na hora. Meu filho está todo queimado e a única coisa que pedia depois da explosão era para entrar correndo no chuveiro para aliviar a dor. Quero justiça. Já foram três mortes e meu filho está em estado muito grave no hospital
Márcia Campos Silva, mãe de Willian

Uma das pessoas presentes na hora do resgate foi a amiga e vizinha Percielli Ventura, que descreveu o momento como um verdadeiro horror.

"O Willian gritava toda hora. A mãe dele está desesperada e não sabe o que vai acontecer com o filho", conta ela, confirmando que Willian associou o acidente ao uso equivocado de gasolina.

O churrasco em que ocorreu o acidente foi realizado no sábado (2), com nove pessoas presentes. Na hora da explosão, sete delas estavam na parte superior do sobrado de Sítio Cercado - cinco delas acabaram atingidas pelas chamas. Como não havia muita mobília no local, o fogo não se alastrou.

O dono da casa, Wallison Aparecido, conseguiu pular da sacada e evitou maiores ferimentos. Ele chegou a ser socorrido, mas já foi liberado. A namorada dele, a secretária Larissa Petez, de 20 anos, o vendedor Wemerson Souza, de 26, e o mecânico Gustavo Lucas Castro, de 27, chegaram a ser encaminhados ao hospital, mas morreram momentos depois. Os dois jovens foram sepultados ainda no domingo (3). Willian Silva Benitez, de 28 anos, segue no hospital em estado grave.

Segundo Guilherme Farias, amigo e vizinho de Wemerson e Gustavo, os encontros de amigos no endereço eram frequentes. Bastante emocionado, ele disse que a programação era comum aos fins de semana, sem necessidade de data comemorativa.

"Eu era amigo deles há oito anos, me viram crescer. Da minha janela, consigo ver o apartamento do Gustavo, que fica no térreo. A janela dele está aberta, parece que ele está lá. Dá um aperto enorme no coração", desabafa o rapaz, que no dia da explosão ele não estava no local.

Desde as primeiras horas do acidente, os amigos e familiares prestaram homenagens nas redes sociais.

O Wemerson era muito conhecido na região e era amado por todos. Por conta da comoção, alguns familiares não conseguiram ir até o sepultamento. O Gustavo era mais caseiro, trabalhador e filho único. Ele cuidava da mãe, que tem problemas para andar e dependia muito dele
Guilherme

A Polícia Civil do Paraná investiga o caso. Procurada pelo UOL para informar sobre o inquérito, as pistas do caso e quem será ouvido, a corporação respondeu que "a princípio as testemunhas serão ouvidas nos próximos dias. No momento, a delegada não irá conceder entrevistas para não atrapalhar o andamento das investigações".

Cuidados ao acender a churrasqueira

O Corpo de Bombeiros do Paraná orienta que nenhum tipo de líquido inflamável, como gasolina, etanol ou querosene, deve ser utilizado para acelerar a queima do carvão. A tenente Ana Paula Bagge recomenda utilizar materiais específicos disponíveis no mercado, como os acendedores, que trazem mais segurança.

"O álcool, por exemplo, é muito volátil e dispersa gases quando é jogado na churrasqueira. A pessoa acaba inalando esse material e, quando o fogo acende, gera uma forte explosão", explica ela.