Empresária fica cega de um olho após cirurgia estética e denuncia médicos
Alessandra Veiga Lobo Collichio Ferreira, de 49 anos, denunciou uma equipe de médicos ao ficar cega de um olho após complicações em uma cirurgia estética. A empresária decidiu se submeter a uma blefaroplastia, cirurgia de remoção do excesso de pele nas pálpebras, em um hospital de Minaçu (GO).
A recomendação teria sido do oftalmologista Ariano da Paz Melo, amigo da família. Ele disse que o procedimento seria simples e explicou que atuaria apenas como assistente de uma colega, Ana Cláudia Santos Queiroz, que viria de Minas Gerais para atendê-la. Mas, logo após acordar da anestesia, Alessandra já sentiu dormência na região da operação.
"Senti um peso na testa, o olho repuxando e pesando. Aí fui para casa, sem querer, passei em frente a um espelho e, quando eu vejo, o meu olho estava 'louquinho da cabeça'", detalhou a paciente em entrevista à TV Anhanguera, explicando que o órgão estava se movimentando de uma maneira atípica.
No Boletim de Ocorrência, registrado na DP de Minaçu, Alessandra relatou que antes do procedimento, feito na manhã de 3 de junho, não houve nenhum procedimento pré-operatório ou consulta pré-anestésica para evitar possíveis alergias, o que é obrigatório, conforme Resolução do Conselho Federal de Medicina 2.174, de 14 de dezembro de 2017.
Além disso, depois que a paciente relatou aos médicos sobre os sintomas no pós-operatório, a equipe afirmou que a situação era normal, recomendando compressas geladas.
Mesmo seguindo as recomendações, a empresária continuou com dores intensas no olho direito, com inchaço, dormência e espasmos. Ela voltou a procurar os médicos responsáveis e foi examinada visualmente, mas eles disseram que a situação era temporária e causada pelo inchaço do procedimento.
Eduardo Ferreira, marido da paciente, compartilhou com a TV Anhanguera sua troca de mensagens com Ariano, que minimizou as preocupações do casal.
"Até essa reação inflamatória do olho diminuir é normal, sim, a visão ficar bem comprometida. Mas, a partir do momento que for desinflamando vai melhorando a visão", escreveu o médico em texto enviado pouco após a cirurgia.
Cinco dias depois do procedimento, Alessandra e Eduardo decidiram pedir uma segunda opinião e foram até o Hospital Fundação Banco de Olhos de Goiás, onde receberam a notícia: "Eles resolveram, entre eles, tentar salvar o olho, mas a visão eles falaram: 'não tem jeito, já teve descolamento de retina, já perfurou a córnea'", lembra o marido.
Alessandra teve que permanecer em Goiânia por quase sessenta dias, com retornos diários ao hospital nos primeiros 25, e passou por outra cirurgia na mesma unidade, como parte do tratamento, informa o boletim de ocorrências registrado pela Polícia Civil, ao qual o UOL teve acesso.
Hoje, ela toma dois remédios controlados para tentar controlar a situação. Em um laudo emitido pelo mesmo hospital, em setembro, foi constatado que ela sofreu uma "endoftalmite", uma inflamação grave que ocorre no interior do olho.
"Tem que reparar o dano, ficou uma coisa marcada pelo resto da minha vida", afirmou Alessandra em entrevista ao canal local.
Questionada, a Polícia Civil de Goiás não deu mais detalhes do inquérito ou sobre o andamento das investigações contra os médicos, enviando apenas o relato da paciente.
Procurados pelo UOL, os oftalmologistas Ana Cláudia Santos Queiroz e Ariano da Paz Melo, e a anestesista Adriana Silva Aleixo Melo ainda não se posicionaram. Tão logo haja retorno, este espaço será atualizado.
A clínica Visage, onde Ariano trabalha, disse "só tratar de assuntos referentes a agendamento para consultas".
Alessandra ainda não apresentou o caso ao Cremego (Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás), mas afirma que está recolhendo os documentos para a denúncia, informou a TV goiana.
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