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ES: Mãe e filha mentem sobre estupro e caminhoneiro é espancado até morrer

Bruna Hoffman (esquerda), de 26 anos, e a mãe, Lucineia Pereira da Silva, de 50, foram presas pela polícia capixaba - Divulgação/PCES
Bruna Hoffman (esquerda), de 26 anos, e a mãe, Lucineia Pereira da Silva, de 50, foram presas pela polícia capixaba Imagem: Divulgação/PCES

Matheus Brum

Colaboração para o UOL, em Vitória

29/10/2021 04h00Atualizada em 29/10/2021 19h33

Duas mulheres viraram rés por uma mentira que levou à morte de um caminhoneiro, confundido com estuprador, no bairro Costa Dourada, na Serra, Região Metropolitana de Vitória. Os detalhes do crime foram apresentados ontem, pela Polícia Civil do Espírito Santo, que chegou à conclusão, após quatro meses de investigação, que Miguel Inácio Santos Filho, de 49 anos, foi vítima de um falso boato que custou sua vida. Ele foi linchado pela população, após as mulheres dizerem que ele teria abusado sexualmente de duas crianças da região.

Bruna Hoffman, de 26 anos, e a mãe dela, Lucineia Pereira da Silva, de 50, estão presas pelo crime desde o dia 22 de setembro. Segundo o delegado Daniel Fortes, em junho deste ano, Miguel fez um programa com Bruna, na casa dela, e voltou a procurá-la após perceber ter pagado mais do que o combinado.

"Ele retorna, já indignado pela situação de ter pago um valor a mais, provavelmente para tirar satisfações. Ele arremessa uma pedra na janela da casa da Bruna. Só que quem estava na casa no momento era apenas a mãe [Lucineia]. Ele inicia uma discussão e, nesse período, Bruna retorna. [,,,] Ela pega uma madeira de uma cerca e vai em direção à vítima", detalha o delegado.

Miguel - Divulgação/PCES - Divulgação/PCES
Miguel Inácio Santos Filho, de 49 anos, foi linchado pela população por causa de uma mentira
Imagem: Divulgação/PCES

Fortes diz ainda que, ao perceber que seria agredido, Miguel correu, mas antes que conseguisse deixar o local, Bruna teria gritado que ele teria abusado sexualmente de duas crianças do bairro, gerando revolta nos moradores presentes. O homem acabou agredido com socos e golpes de enxada e pedaços de madeira por cerca de 10 pessoas, inclusive as duas mulheres, e acabou morrendo.

"É importante frisar: a vítima era inocente. Não tinha acontecido nenhum caso de estupro na região. A Bruna deixa bem claro isso em depoimento. Ela só fez isso para que a população segurasse a vítima. A mãe dela confirma toda a história. Fala que estava com uma enxada, que bateu com a enxada na cabeça da vítima", contou o delegado.

A investigação ainda tenta identificar os participantes do crime para responsabilizá-los criminalmente. Bruna e Lucineia vão responder por homicídio duplamente qualificado. O UOL entrou em contato por telefone e por mensagem de texto com a defesa de mãe e filha, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno. O espaço será atualizado tão logo haja manifestação.