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Caçadores exibem onça-parda morta e são procurados pela polícia, no Ceará

Homens foram denunciados na polícia após se exibirem nas redes sociais com o felino morto - Reprodução/ Redes sociais
Homens foram denunciados na polícia após se exibirem nas redes sociais com o felino morto Imagem: Reprodução/ Redes sociais

Do UOL, em São Paulo

04/11/2021 17h49Atualizada em 04/11/2021 20h21

Caçadores foram denunciados após postarem fotos e vídeos nas redes sociais de uma onça-parda abatida no Sítio Ipueiras, localizado na zona rural de Tarrafas (CE). Nas imagens, pelo menos oito homens interagem com o corpo do felino. O material circulou em grupos do município e chegaram à polícia, encaminhadas por moradores e por ONGs. Um dos suspeitos foi identificado hoje e, segundo a Polícia Civil do Ceará, será indiciado por crime ambiental.

A Polícia de Meio Ambiente esteve na zona rural de Tarrafas na tarde de ontem e identificou a residência de Antônio Alves da Silva, dono de uma moto que aparece em algumas fotos compartilhadas, mas não o encontrou, nem os demais homens fotografados. O imóvel, localizado na Serra do Mundo, serve de abrigo para caçadores e também aparece nos registros fotográficos encaminhados à polícia.

O local foi encontrado varrido e ainda com fogão a carvão em brasas e com água acumulada. A suspeita é de que os caçadores fugiram após serem avisados da chegada dos agentes — eles inclusive tentaram esconder marcas de sangue e outros detalhes que os associassem ao abate da onça.

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Caçador aparece sorrindo erguendo o animal ao posar para foto
Imagem: Reprodução/ Redes sociais

O problema da caça

Na região, predomina o bioma da caatinga. Um dos vídeos que circula nas redes sociais a onça aparece ainda viva, sendo perseguida pelos caçadores entre arbustos. Em outro, um homem corta a vegetação para chegar junto do animal, já sem forças, sendo mordido por um cachorro.

"Infelizmente a caça é uma prática comum, não só a essa área. É uma coisa que já está enraizada. [...] Essas pessoas já têm costume da prática, só que dessa vez, foi filmada pelo grupo e compartilhada nas redes sociais deles", afirma a bióloga Raquel Soares, da ONG BiodiverSe, em entrevista ao UOL.

A profissional explica que mesmo que a caça de animais silvestres seja ilegal, ela não ocorre apenas para alimento: "Alimentação, subsistência e, principalmente por questões esportivas. Os grupos se juntam porque gostam de caçar. Aqui na região, infelizmente é isso. Tem pessoas que caçam por esporte, por diversão".

Como também são caçados animais que fazem parte do cardápio da onça-parda, seu alimento fica comprometido, levando-a a se aproximar dos humanos: "As pessoas acabam desmatando, utilizando espaço para agricultura. [...] E elas vêm para perto das pessoas atrás de animais domésticos. Às vezes, isso causa retaliação. Mas não sabemos se houve algo do tipo [neste caso]", detalha Raquel.

foto 2 - Reprodução/ Bas Lammers/ Wikimedia Commons - Reprodução/ Bas Lammers/ Wikimedia Commons
Onça-parda ocorre em todo continente americano desde o Canadá, passando na América Central, Brasil e sul dos Andes
Imagem: Reprodução/ Bas Lammers/ Wikimedia Commons

Ameaça de extinção

De acordo com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a onça-parda (Puma concolor) é o segundo maior felino do Brasil, estando presente em todos biomas. Possui ampla distribuição pelas Américas, ocorrendo desde o Canadá até a parte sul da Cordilheira dos Andes.

Seus avistamentos estão ficando comuns até mesmo em áreas urbanas e o animal é considerado vulnerável na escala de espécies ameaçadas de extinção, conforme consta no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do ICMBio, de 2018. Na caatinga, ele possui classificação "em perigo", que alerta sobre a necessidade de preservação.

A Delegacia Municipal de Polícia Civil de Assaré ficou responsável pela investigação do caso. Em contato com o UOL, a Polícia de Meio Ambiente do Ceará informou que vai encaminhar outra equipe até o final desta semana para buscar mais evidências de caçadores na Serra do Mundo.