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Sete vezes em que vitórias na Mega-Sena viraram caso de polícia no Brasil

Jonas Lucas Alves Dias, ganhou prêmio com aposta simples, de 6 números, em 2020 - Reprodução/Facebook
Jonas Lucas Alves Dias, ganhou prêmio com aposta simples, de 6 números, em 2020 Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

16/09/2022 06h49Atualizada em 16/09/2022 20h34

Jonas Lucas Alves Dias, 55, que ganhou R$ 47,1 milhões em 2020 com uma aposta simples de seis números na Mega-Sena, morreu na quarta-feira (14), após ser encontrado com sinais de tortura às margens da Rodovia dos Bandeirantes, no interior de São Paulo. A polícia não descarta que o crime tenha sido premeditado visando extorquir o milionário, com a investigação encontrando várias tentativas de movimentação de suas contas bancárias.

Em uma delas, os suspeitos tentaram sacar R$ 3 milhões, sem sucesso. A vítima desapareceu na manhã de terça-feira (13), quando saiu de sua casa em Hortolândia, também no interior paulista, para uma caminhada. Confira abaixo outras sete vitórias no sorteio que acabaram virando caso de polícia.

1. Prisão decretada por não pagar pensão

O caso mais recente envolvendo Mega-Sena e Justiça ocorreu nesta semana depois que um homem teve a prisão decretada pela Justiça de Santa Catarina devido ao não pagamento de pensão alimentícia no valor total de R$ 160 mil, desde abril de 2019, para sua filha que tem microcefalia. Após a decisão da Justiça vir a público, Altamir da Igreja efetuou o pagamento da pensão.

Altamir saiu vitorioso da Mega em 2001, mas só em 2007 retirou parte do prêmio, já que ele travou disputa com um homem pelo bilhete. Os dois acordaram em dividir o prêmio de R$ 27 milhões, corrigido na época para mais de R$ 40 milhões.

2. Amigo da onça (de R$ 50 aos milhares)?

Um ex-morador da Vila Cruzeiro, que fica na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, teve a vida completamente mudada quando ganhou um prêmio de R$ 100 milhões na Mega-Sena, em 2017. Para ajudar a administrar a bolada, o homem confiou no seu amigo, André Luiz Lobo, mas se surpreendeu quando, dois anos depois, desconfiou da vida de luxo que o homem estaria levando provavelmente às suas custas.

Após investigações, a Polícia Civil prendeu o suspeito temporariamente em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, em dezembro de 2019, segundo o Extra. Ele foi apontado como autor de desvio de dinheiro e imóveis do milionário, com os bens colocados em seu nome e no de familiares. Até uma construção no condomínio de alto padrão na Barra teria começado, no valor de R$ 4,5 milhões. O vencedor da Mega havia investido R$ 35 milhões, mas após registrar BO, restavam somente R$ 16 milhões e ainda assim não foi possível calcular todo o prejuízo.

3. Pai suspeito de planejar morte de filho

Francisco Serafim de Barros era superintendente da FIEMT (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso) quando foi preso na sede da entidade, em 2010, suspeito de planejar a morte do próprio filho, Fábio Leão Barros, que havia ganhado na Mega Sena quatro anos antes. Ele era menor de idade e pediu para o pai guardar o dinheiro. O plano foi descoberto após dois homens serem presos e confessaram que foram contratados para matar o jovem.

Na época que ganhou o prêmio de R$ 28 milhões, o jovem, um instalador de vidros, havia afirmado que fizera um acordo com o pai para que ele recebesse o dinheiro em sua conta. Contudo, o pai não teria devolvido o dinheiro quando ele solicitou, transferindo a metade do valor para comprar fazendas de gado. Os homens contratados para o matar foram pegos com fotos do jovem milionário e sua namorada.
Francisco Serafim de Barros foi preso em Cuiabá, no Mato Grosso, em 2010, suspeito de planejar morte do próprio filho - Reprodução/ TV Bandeirantes (750x421)

4. A 'viúva da Mega-Sena'

De origem humilde e com duas pernas amputadas devido a um caso de diabetes, Renné Senna, na época com 54 anos, ganhou sozinho R$ 51,9 milhões em julho de 2005. Em janeiro de 2007, ele foi morto a tiros no Rio de Janeiro e a polícia prendeu a viúva, Adriana Almeida, suspeita de ser mandante do assassinato, e mais cinco pessoas. Após ela ser absolvida do crime, o Ministério Público pediu anulação da decisão e, em novo julgamento, ela foi condenada a 20 anos de prisão, em dezembro de 2018.

Sempre alegando inocência, Adriana teve pedido negado de liberdade pela Justiça do Rio, em janeiro de 2020. Na semana passada, o jornal Extra revelou que a Justiça determinou que uma filha de Renné receba a metade dos R$ 43 milhões do prêmio, após recolhido os impostos, sendo a primeira movimento do dinheiro desde a morte dele. Adriana continua presa.

5. A aposta 'despremiada'

Um grupo de 40 pessoas acreditou que iria dividir uma bolada de R$ 53 milhões após conferirem os números sorteados em um sorteio da Mega-Sena em fevereiro de 2010. Ocorre que as cotas do bolão único compradas na lotérica Esquina da Sorte em Novo Hamburgo (RS) jamais haviam sido registradas. Parte deles entrou na Justiça, mas teve pedido de indenização por danos morais negado em setembro de 2012.

6. Mais dinheiro, mais morte

Sete anos depois de ganhar R$ 39 milhões na loteria, o empresário Miguel Ferreira de Oliveira foi morto com três tiros enquanto bebia em um bar, em fevereiro de 2018. Ele havia se mudado de São Paulo para Campos Sales (CE), a quase 500 km de Fortaleza, em busca de uma vida mais pacata, chegando a ser conhecido na região como "o milionário da Mega-Sena".

Um dos suspeitos do crime, Antônio dos Santos, chegou a ser preso pela Polícia Civil do Ceará em abril de 2019, mas negou a acusação. Ele estava foragido da Justiça desde o crime e foi apontado como o autor dos disparos. Pouco mais de um ano depois e já em liberdade após habeas corpus, ele foi encontrado morto junto com outro homem, também em Campos Sales (CE), em junho de 2020. Na época a polícia abriu inquérito para investigar o duplo homicídio.

7. Sem bilhete legível, sem prêmio

Em maio deste ano um casal do Rio Grande do Sul que tentava resgatar um prêmio da Mega-Sena no valor de R$ 29 milhões de 2014 teve pedido de recurso negado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Os desembargadores decidiram que o bilhete deles estava muito danificado para ser válido. O casal que costumava apostar frequentemente na loteria, teria se descuidado e deixado a cédula que comprova a aposta na máquina de lavar junto às roupas.

Eles recorreram por alegarem que os números vencedores e identificação do concurso ainda eram legíveis. A Caixa invalidou a aposta deles e premiou outra pessoa sozinha, o que motivou a entrada na Justiça. Na primeira instância, eles chegaram a receber multa de 2% do valor do prêmio por "litigância de má-fé". Mas no TRF-4 ficou decidido apenas que o bilhete seria inválido e foi retirada a punição com a multa.