Personal trainer denuncia ex à polícia dizendo ter perdido R$ 1 mi em golpe
A personal trainer Carolina Mainardi, 37, afirma que teve cerca de R$ 1 milhão desviado após o seu noivo, um empresário carioca de 35 anos, tê-la enganado. Segundo ela, os dois viveram um relacionamento por cinco anos e, após um tempo, ele se ofereceu para gerir as contas financeiras dela. No entanto, o empresário fugiu sem dar explicação sobre o sumiço do dinheiro.
O caso ocorreu em março de 2019, mas Carolina só fez o registro na delegacia nesta terça-feira (30). A Polícia Civil confirmou o boletim de ocorrência em que a personal trainer informa ter sido vítima de dano e perseguição por parte do empresário.
Ao UOL, Carolina contou que ela decidiu falar só agora sobre o caso porque, durante estes dois anos, teve contatos esporádicos com o ex, o que lhe dava a esperança de receber o dinheiro de volta.
"Eu demorei muitos anos porque fora o dinheiro que eu perdi, ele fez empréstimos de R$ 70 mil e R$ 90 mil em meu nome, que eu continuo pagando. Como eu já tinha perdido todo o meu dinheiro, queria que ele pagasse ao menos esse empréstimo", disse ela. O empresário se propôs a pagar a quantia, mas não deposita o valor necessário para arcar com os custos. "O empréstimo está tão grande que eu prefiro hoje assumir que fui vítima de um estelionato para não ter esse tipo de estresse e, por isso, fiz a queixa", explica.
Carolina conta que vivia um relacionamento à distância, mas que era frequente a ida do empresário para o Distrito Federal. Em determinado momento da relação, ele a convenceu a gerir suas finanças, a partir de uma poupança. "Ele dizia que meu dinheiro deveria ser investido de uma forma melhor e falava para eu colocar na mão dele. Depois de uma insistência grande, acabei cedendo e acreditei que ele pudesse fazer isso. Por muito tempo, ele ficou com o dinheiro e, segundo ele, investindo. Ele exibia planilhas para mostrar que o dinheiro estava crescendo."
No entanto, em 2019, Carolina precisou resgatar uma parte do montante de R$ 730 mil e pediu para o então noivo realizar a operação. "Ele falou que o dinheiro ia entrar em um determinado dia, mas no final de semana anterior desta data, ele comprou uma passagem para Nova Iorque no meu cartão dizendo que tinha que resolver um problema lá."
O dinheiro, no entanto, não apareceu. Carolina telefonou para a corretora de investimentos onde o noivo a tinha registrado e se deu conta que, na realidade, o dinheiro havia sumido. "Eu não tinha acesso a nada e a atendente, quando percebeu o que estava acontecendo, afirmou que eu tinha R$ 1.400 negativos na conta. Eu comecei a mandar mensagem, ligar para ele. Quando ele viu que eu estava prestes a descobrir o que tinha se passado, ele me mandou uma carta de suicídio, mandando a apólice do seguro que tinha feito e que iria retornar tudo o que tinha me tirado", relembra.
A mensagem, segundo conta Carolina, mexeu com o seu emocional e psicológico, o que fez com que ela tentasse lidar com a situação de outra forma. "Eu comecei a ir com calma. Tentar falar com ele aos poucos. Ele respondia algumas vezes. Nosso contato era só por mensagem", diz ela, que ainda havia realizado um empréstimo de R$ 100 mil para que ele pudesse investir em uma nova empresa. Ao todo, R$ 990 mil ficaram nas mãos do noivo.
Com o passar do tempo, a personal trainer percebeu que o noivo não era apenas suspeito de estelionato, mas também de perseguição. "Eu descobri que ele me monitorava. Um dia, eu fui para a casa da minha mãe em Florianópolis e de lá eu tentava falar com ele para entender o que tinha acontecido. Quando aterrissei em Brasília, ele me enviava mensagens perguntando o que eu estava fazendo nos lugares que frequentava. Eu desconfiei que ele monitorava meu telefone e, depois, descobri que ele tinha acesso a tudo o que eu fazia", diz.
Após a denúncia, Carolina diz que está aliviada. "É como se a ficha caísse. E é importante cortar o vínculo. Eu queria que o meu caso alertasse outras mulheres porque eu sei que isso não é a primeira vez que acontece e nem vai ser a última", defende.
A personal trainer não sabe se há outras vítimas do mesmo empresário, mas não descarta a possibilidade. "Talvez com a divulgação apareçam mais pessoas", diz. O 30º DP do Distrito Federal investiga o caso.
O UOL fez contato contato com o empresário denunciado por Carolina, mas, até o momento não houve resposta. Caso ele ou representante legal se manifestem, este espaço será atualizado.
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