Mariposas são responsáveis por surto de lesões e coceira em PE, diz SBD
Dermatologistas ajudaram a solucionar o mistério do surto que estava provocando coceira em moradores de 17 municípios pernambucanos, até então sem causa definida. A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) emitiu hoje uma nota técnica confirmando que o problema teve relação com cerdas de mariposas do gênero Hylesia. Profissionais fizeram o diagnóstico da doença como dermatite, com a identificação de 485 casos, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Pernambuco.
Os primeiros registros ocorreram em duas comunidades localizadas nas proximidades de área de reserva de Mata Atlântica do Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife. "Com a comprovação das cerdas no exame direto, história clínica e epidemiológica extremamente compatível e relato de mariposas no local feito pelos moradores, concluímos que o mistério está resolvido e esperamos que os tratamentos corretos sejam ministrados à população", escrevem os dermatologistas Claudia Ferraz e Vital Haddad Júnior, na nota técnica da SBD.
Dentre as hipóteses levantadas para a origem do surto estavam a possibilidade de intoxicação por ivermectina, escabiose (sarna), picadas de insetos, dentre outras, com todas sendo descartadas.
"A hipótese de escabiose era absurda, pois o tipo de transmissão é outro, a distribuição e aspecto das lesões cutâneas eram distintos e nenhum ácaro foi achado em muitas amostras de exame direto e exames histopatológicos", completa o texto.
A possibilidade da causa ser as cerdas da mariposa também é considerada pela prefeitura do Recife, que identificou casos em moradores de Guabiraba e Dois Irmãos: "Até o momento, essa é a hipótese mais forte, porque tem outros surtos no Brasil com características semelhantes, no mesmo período do ano. A proximidade da Mata Atlântica é uma coisa que chamou atenção desde o início, por isso que foi levantada a hipótese da mariposa e pólen", explica ao UOL Marcella Abath, secretária executiva de Vigilância em Saúde do Recife.
A identificação da causa real veio depois de investigação da história epidemiológica correta e descrição adequada das lesões, chegando até a chave do problema: as asas de mariposas do gênero Hylesia. Sua reprodução ocorre nesta época do ano, em períodos de calor mais intenso e provocam epidemias de dermatites em vários pontos do Brasil.
"Estes insetos entram em ambientes domésticos e ao se debaterem contra focos de luz, liberam cerdas corporais minúsculas que penetram profundamente na pele humana e causam a intensa dermatite observada", informou comunicado da SBD.
A dermatite causada por essas cerdas permanece por dias e até semanas, devido à permanência na pele, que pode ser observada em exames. O tratamento é feito com corticoides tópicos e anti-histamínicos, podendo ser usado corticoides sistêmicos se necessário, a depender da extensão das lesões.
Em entrevista para a TV Globo Nordeste, Cláudia afirma que não é preciso matar as mariposas: "Elas são fundamentais no ciclo biológico e para o próprio equilíbrio da natureza. A gente que está margeando o local da mata, então vamos aprender a lidar com esses ciclos naturais do animal", explicou.
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