Promoter operada por médico colombiano ficou 16 dias em CTI: 'Eu ia morrer'

Após a repercussão da morte da diarista Maria Jandimar Rodrigues, de 39 anos, na sexta-feira (17), outra paciente operada pelo médico colombiano Brad Alberto Castrillón Sanmiguel diz que ficou 23 dias internada após realizar o mesmo procedimento estético, a hidrolipo, sendo 16 em terapia intensiva.

Ao UOL, a promoter Daiana França, de 28 anos, relata que no dia 4 de novembro realizou a intervenção na barriga e também fez um preenchimento no bumbum. Dias após o procedimento, precisou ser internada com infecção generalizada, passando 16 dias no CTI (Centro de Terapia Intensivo).

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A partir do segundo dia [de procedimento] eu comecei a ter febre. Eu falei com a assistente dele que eu estava passando mal. Ela me disse que em dois dias eu poderia voltar a trabalhar, foi o que eu fiz. Quando eu voltei a trabalhar, tive uma febre de 39ºC. O médico chegou a me dar duas injeções. Ele me enrolou por nove dias com tratamento paliativo em casa. Eu estava com muita febre, não aguentando mais. Eu chorava de dor, não conseguia mais andar. Daiana

A promoter disse ainda que até ela ser de fato internada, o médico chegou a acompanhá-la em outras duas unidades de saúde. "Ele estava com medo", disse ela.

"A minha mãe falou para ele que não iria mais fazer tratamento em casa, ele não queria que eu fosse pro hospital, mas eu ia morrer. Eu dei entrada no hospital no dia 14. Quando eu fiz o exame de sangue, ele deu alterado, foi constatada infecção generalizada. Eu fui para o Hospital Albert Schweitzer [na zona oeste do Rio de Janeiro] e ali eu fiquei 16 dias no CTI e os outros na enfermaria.

Daiana conta que teve momentos de muito medo durante a internação.

"Eu passei por uma cirurgia, porque eu tinha pus por todo o corpo, eu tive que receber três bolsas de sangue, tive anemia profunda e princípio de pneumonia. Ninguém sabia se eu ia sobreviver, porque eu estava em estado grave. Foram dias extremamente difíceis, por não saber se iria conseguir sobreviver a essa negligência", diz ela.

A promoter prestou depoimento ontem na delegacia de Vicente de Carvalho, na Zona Norte da cidade, onde a morte de Maria Jandimar Rodrigues foi registrada.

Só quero que ele pague. A Maria infelizmente não teve a mesma sorte que eu. Ele é negligente, ele não tem amor ao próximo, ele não tem responsabilidade com o paciente. Que não venha a acontecer com outras pessoas o que aconteceu comigo pra não chegar na fatalidade que chegou na Maria.

Depoimento

O médico Brad Castrillon foi ouvido na delegacia por cerca de seis horas. Em depoimento, ele alegou ter prestado socorro à vítima. A polícia irá analisar imagens do local para confirmar esta informação.

Ao UOL, o advogado Hugo Novais, que o representa, disse que "Brad adotou corretamente todos os previstos na literatura médica, e quando se deparou com a intercorrência, buscou imediato socorro em uma emergência próxima, o que não foi possível em virtude do falecimento da paciente". A defesa ressaltou que "não existiu omissão de socorro, muito menos tentativa de fuga".

Com relação à denúncia de Daiana, Novais disse que o médico informou não ter tido qualquer erro médico. O advogado falou ainda que "sendo certo pelo que tomamos conhecimento extraoficialmente, ela informou que a todo momento foi assistida pelo seu cirurgião, o que também afasta eventual ilação de omissão".

A Polícia Civil informou que o passaporte do médico foi retido. Outros depoimentos devem acontecer ao longo desta semana como o de funcionários da clínica.