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Noivos descobrem golpe 3 dias antes da festa de casamento em SP

Noivos levam golpe 3 dias antes de casamento - Arquivo pessoal
Noivos levam golpe 3 dias antes de casamento Imagem: Arquivo pessoal

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

22/12/2021 17h35Atualizada em 22/12/2021 21h56

Prestes a se casar, um casal de São Vicente, no litoral de São Paulo, afirma ter descoberto um golpe e que a sonhada festa não aconteceria. Foram pagos R$ 12 mil à empresa de eventos Vifest, que avisou o casal sobre o cancelamento a somente três dias antes da cerimônia e que não agiu de má fé.

O casório do motorista Roberto Alves Ferreira, de 51 anos, com a nutricionista Solange, de 42, estava agendado para o dia 18 de dezembro. A festa foi marcada em uma casa com piscina, alugada na cidade de Cubatão (SP), para 80 convidados que já haviam recebido o convite formal.

"Nós estamos nos preparando para esse casamento desde o ano passado, quando minha esposa começou a procurar por informações na Internet. Depois de pesquisar bastante, ela encontrou uma empresa, chamada Buffet Móvel Vifest", contou Roberto ao UOL.

"Eles tinham várias fotos nas redes sociais, com perfil, página. A Solange conversou com algumas pessoas que fizeram festas com essa empresa e eles disseram que tinha dado tudo certo. Ela então falou comigo e resolvemos entrar em contato", afirmou o motorista.

Quem atendeu Solange se apresentou como a dona da empresa, Viviane Viana de Jesus. Após muitas conversas, o casal decidiu contratá-la. Sempre gentil, a empresária chegou a oferecer brindes e descontos que tanto Roberto quanto Solange consideraram impossível recusar.

Divulgação da empresa de eventos Vifest em grupo de Facebook - Divulgação/Roberto Alves Ferreira - Divulgação/Roberto Alves Ferreira
Divulgação da empresa de eventos Vifest em grupo de Facebook
Imagem: Divulgação/Roberto Alves Ferreira

"Estamos no meio de uma pandemia, numa crise. É claro que quando ela começou a nos oferecer esses 'presentes' achamos que seria mesmo muito mais vantajoso fechar com ela. E foi o que fizemos. Eu notei que o contrato que ela trouxe não era em papel timbrado. Não tinha o CNPJ da empresa, nada. Mas nós confiamos na 'boa fé' dela".

Dificuldade de contato

Os cerca de R$ 12 mil que o casal diz ter pago foram sendo quitados mês a mês. Em outubro, pouco antes de pagarem a última parcela, Solange começou a ficar desconfiada. A nutricionista já não recebia confirmações de locais e sequer era informada sobre a decoração. Ela diz que Viviane começou a se esquivar das ligações telefônicas e mensagens que enviava.

Além disso, a fotógrafa da cerimônia teria contado ao casal que desconfiava da idoneidade da dona da empresa de eventos. Às vésperas do casamento, segundo o casal, a fotógrafa disse que só havia recebido a primeira parte dos honorários combinados. E que já tinha ouvido muitas histórias sobre a mulher.

A noiva, então, se desesperou e buscou as páginas do buffet nas redes sociais, que foram excluídas. Ao cobrar satisfação de Viviane, a empresária alegou que estava doente e, por isso, apagou os perfis. Diante do abalo emocional da amada, Roberto resolveu tratar ele mesmo do ocorrido.

E foi aí que ela me falou que o casamento tinha sido cancelado. 'Você não quer adiar?', ela me perguntou. Só que isso foi a 3 dias da data marcada. Com 80 convidados avisados. Pedi o dinheiro de volta. Daí ela alegou que a sócia havia deixado a empresa e que ela estava tentando resolver.
Roberto Alves Ferreira, noivo que teve a festa cancelada

Plano B: empréstimos para uma nova festa

Desiludidos com a situação, o casal procurou um plano emergencial. Roberto fez um empréstimo no banco e Solange conseguiu acionar, um dia antes da cerimônia, o serviço de um buffet no Guarujá (SP), indicado por uma internauta que se sensibilizou com a história.

Apesar de terem pago o serviço à Vifest, tiveram que contratar tudo novamente para a nova festa. Foram, no total, mais R$ 7.800: R$ 6,5 mil para o buffet, R$ 850,00 para a decoração, mais R$ 450,00 como parte restante do pagamento da fotógrafa.

"No final, graças aos nossos esforços, conseguimos fazer o casamento. A Solange estava linda, feliz. Nossos convidados se divertiram, a decoração ficou simples, mas elegante. Só que não dá para esquecer o que a Viviane fez com a gente", disse Roberto.

Golpe fez outras vítimas

Recentemente, Roberto e Solange descobriram que não foram as únicas vítimas da empresa Vifest. O casal entrou em contato com outras pessoas que também se dizem prejudicadas pela proprietária. Elas criaram um grupo no WhatsApp, em que mais de 20 pessoas relatam casos semelhantes e buscam soluções. Quatro já entraram com ação judicial, para reaver o dinheiro empregado.

Nas trocas de mensagens, as demais vítimas dizem que a empresa de Viviane na verdade se chamava Vifest Alcântara. Porém, um dos participantes do grupo garante que, desde que os casos vieram à tona, o nome foi alterado para Viviane Festas e Eventos. Os participantes também estão espalhando diversos posts nas redes sociais com alertas informando sobre o golpe.

Empresária diz que também foi vítima

Em resposta ao UOL, Viviane Viana de Jesus, dona da empresa de eventos, disse que foi vítima de uma sociedade que foi rompida e que nunca se esquivou de prestar informações aos clientes.

De acordo a empresária, sua sócia, responsável pelo controle financeiro da companhia, rompeu relações com ela e ainda ficou com todos os contatos, logins de perfis nas redes sociais e as informações sobre os pagamentos de clientes.

Infelizmente, fui vítima de uma sociedade malsucedida. Mas eu vou lutar até o fim, porque se eu fosse uma golpista, teria fugido e não permanecido, dando a cara à tapa para conseguir resolver. A minha intenção é ressarcir de modo geral qualquer um que se sentir prejudicado, pois vão receber centavo por centavo.
Viviane de Jesus, dona da empresa de festas

Viviane afirmou que toda a situação está sendo muito difícil de enfrentar. Ela diz que, além dela, sua mãe e até seu filho estão recebendo ameaças de pessoas desconhecidas, e que lamenta tudo o que aconteceu. "Eu sempre vivi disso (eventos) e, de uma hora para outra, vi tudo desandar de uma forma que perdi o controle totalmente".

Quanto ao casal Roberto e Solange, a empresária explica que tentou de tudo para não ter que cancelar o evento. E garante que eles não pagaram nem um terço dos R$ 12 mil que eles alegam ter pago —o que, segundo ela, se comprova pelo contrato.

Já sobre as mudanças de nome da empresa, ela afirma que sequer tem acesso às redes da empresa, que ficaram sob o controle da sócia.

Sobre o grupo criado no WhatsApp, com pessoas que se dizem na mesma situação que o casal, Viviane declara que algumas pessoas se juntaram por conta do "barulho" feito pela mídia com as declarações. "Eles se juntaram ao casal, tem gente lá [no grupo] cuja festa só ia acontecer em fevereiro de 2022", falou.