'Quero saber se é depilada': assessora relata assédio em empresa pública
"Deu um tapinha e disse: minha gostosa" e "quero saber se você é depilada" são alguns dos trechos da denúncia de uma assessora contra o então presidente da Paraná Turismo, João Jacob Mehl, de 77 anos. Ela procurou a Delegacia da Mulher, em Curitiba, na última segunda-feira, para abrir um boletim de ocorrência por assédio sexual e racismo.
A vítima trabalha na autarquia ligada ao governo do Paraná há quase dois anos. Após a denúncia, Jacob Mehl pediu exoneração do cargo. Ele tinha assumido a presidência da Paraná Turismo em 2019 e também já passou por duas vezes na presidência do Coritiba.
"No começo, ela acabou relevando os comentários por conta da idade dele. Mas no dia 25 de novembro as 'brincadeiras' ficaram mais sérias. Ele chamou ela na sala e perguntou se ela era depilada 'lá' e que era louco pela cor dela. Ela chegou a gravar uma conversa em que falava que estava lá para trabalhar e queria mais respeito. Neste dia ele pediu perdão quatro vezes", afirma Thiago Peza, advogado que representa a assessora.
Segundo o advogado do ex-presidente da Paraná Turismo, "o caso exige muita cautela". "Estamos aguardando as provas, que até agora não foram apresentadas pela vítima. A situação é delicada e, a partir das provas, conseguimos elaborar uma defesa técnica. Precisamos entender de que forma tudo ocorreu, para que tudo seja respondido via esfera judicial", afirma o advogado Renato Barroso.
Em nota, a Paraná Turismo diz que "o empresário havia sido denunciado por uma servidora do órgão por suposta prática de assédio —denúncia cuja investigação vem se dando tanto no âmbito administrativo quando no criminal. Na esfera administrativa, foi aberto um processo na Ouvidoria do estado, com juntada de provas e que está correndo dentro do prazo. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo aguarda o resultado do processo para tomar as medidas cabíveis. Ainda antes do parecer, porém, o presidente pediu exoneração".
Em entrevista ao UOL, a vítima disse que já estava passando momentos difíceis, já que tinha perdido o namorado havia poucos meses em um acidente de trânsito. "Estou me sentindo bastante fragilizada, com dificuldade para dormir e estou aguardando que a Justiça tome as devidas providências. Para mim, a exoneração dele já foi um grande passo, tendo em vista que nos últimos dias eu ainda tinha contato e trabalhava com ele."
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil do Paraná afirma que a mulher já foi ouvida e que um termo circunstanciado foi elaborado para apurar o caso. A delegada não dará entrevista sobre a denúncia.
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