'Nunca teve deslizamento na comunidade', diz moradora após 5 mortes
A comunidade do Parque Paulista, em Franco da Rocha, amanheceu sob os gritos de desespero na manhã de ontem (30), quando, por volta das 6h, as fortes chuvas que caíram sobre a cidade provocaram o deslizamento de um morro, levando com ele cerca de oito casas.
A comunidade, que fica na divisa de Franco da Rocha com Francisco Morato, estava atordoada: era a primeira vez que aquela encosta havia desmoronado durante chuvas de verão. Com a lama, cerca de oito casas de alvenaria foram levadas, deixando feridos, desaparecidos e ao menos cinco mortos.
Como a maioria das comunidades, a do Parque Paulista é formada por casas coladas umas às outras, algumas separadas por vielas estreitas e longas escadarias, que levam à parte baixa do bairro.
As residências são todas de alvenaria, algumas com até quatro andares. Embora as ruas principais do bairro sejam asfaltadas, no interior da comunidade as trilhas são de terra.
O deslizamento
De acordo com moradores, o trecho do morro que deslizou levou cerca de quatro casas, todas de tijolos. A lama seguiu descendo, atravessou a rua São Carlos e invadiu a viela 130, destruindo outras quatro residências e arrastando dois carros, um deles de ponta cabeça.
"O dono do carro e a mulher grávida estão desaparecidos", lamentou um dos vizinhos, o serralheiro José Carlos, 55. "Em uma outra casa, os bombeiros encontraram o marido sobre a esposa, que estava sobre o filho de 1 ano."
Moradora do bairro desde que nasceu, a advogada Cristiane Aparecida, 26, diz que nunca houve deslizamento naquele morro, cujas casas "eram bem estruturadas".
O resgate
A maioria dos bombeiros está concentrada no começo da rua São Carlos, onde cinco membros de uma mesma família estão desaparecidos. Ali, poucos voluntários têm acesso.
A maioria dos moradores que arregaçam as mangas desde ontem está na viela 130, que ganhou esse nome porque é o endereço de entrega dos Correios.
Ali, os voluntários formam uma fila indiana sobre um barranco, trocando de mão em mão os baldes cheios de lama e destroços das casas. A missão é levar o entulho até a parte baixa da viela.
De vez enquando os bombeiros assopram um apito: é hora de fazer silêncio. Os agentes ouviram alguma coisa e precisam de atenção para descobrir se é algum sobrevivente.
Voluntários se arriscam
Cristiane Aparecida cobra da prefeitura a entrega que equipamentos de proteção aos voluntários.
"Falta tudo: capacetes, botas, luvas, máscaras", enumera, enquanto emprestava suas luvas a outro voluntário. "A gente está ajudando, mas arriscando nossa vida ao mesmo tempo."
Por volta das 15h20, a chuva voltou a cair forte na região, interrompendo as buscas, que só foram retomadas às 16h.
Até agora foram resgatadas seis vítimas com vida, cinco mortos foram encontrados e cerca de 11 pessoas estão desaparecidas.
Ruas enlameadas no centro
Enquanto os voluntários improvisam sem capacetes, botas e baldes suficientes, a Prefeitura tenta levar normalidade para o restante da cidade, especialmente o centro, que foi tomado pela lama.
São dez equipes da Defesa Civil atuando no atendimento das ocorrências, vistorias e monitoramento das áreas de risco. De manhã, moradores e lojistas do centro tiravam a lama de suas casas com a ajuda de mangueiras e rodos.
As famílias estão sendo acolhidas na Avenida São Paulo, 40, Vila Bazu, além de outros 3 pontos: Clube das Acácias (Rua Raul Bressane Malta, 494, no Centro), EMEB Donald Savazoni (Rua Albert Einstein, s/n, no Jardim Progresso) e EMEB Maria Hernandez Aguilar (Rua Carlos Magno, 449, no Jardim dos Reis).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.