Topo

Vizinhos de cratera na marginal Tietê evacuam prédio: "Foi um desespero"

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

01/02/2022 14h46

O desmoronamento que gerou uma cratera na marginal Tietê, em São Paulo, causou pânico entre os moradores do prédio vizinho às obras do metrô e fez com que muitos deixassem suas casas, com medo de desabamento.

Segundo a Defesa Civil, a região está estável e o desmoronamento ficou restrito à pista da marginal Tietê. No começo da tarde, uma equipe estava fazendo uma inspeção no local. A Secretaria de Transportes Metropolitanos diz estar apurando a causa do acidente.

mapa cratera metro linha 6 -  -

O fotógrafo Gerson Areias, 40, morador do condomínio Terrazza Marina, na avenida Santa Marina, a cerca de 500 metros do local do desabamento, disse que começou a sentir um mau cheiro por volta das 8h, quando voltava para casa após deixar seu filho na escola.

"Estranhei porque estava trânsito na rua e é uma rua tranquila. Várias pessoas também estavam reclamando do odor no grupo do condomínio. Logo depois, começaram a falar que tinha desabado a marginal", conta Areias.

Segundo ele, assim que as fotos do desabamento começaram a circular no WhatsApp e imagens eram mostradas na televisão, os moradores começaram a abandonar seus apartamentos nas três torres do condomínio.

"Pessoas saindo com travesseiro, pegando os filhos, pedindo ajuda com casinha para cachorro. Foi um desespero. Quando as primeiras imagens chegaram, parecia que ia ceder tudo, é muito perto", conta o fotógrafo.

Defesa Civil inspeciona prédio próximo a cratera na marginal Tietê - Lucas Borges Teixeira/UOL - Lucas Borges Teixeira/UOL
Defesa Civil inspeciona prédio próximo a cratera na marginal Tietê
Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Segundo a gerente do condomínio, Alcilene Silva, pelo menos 30 famílias deixaram suas casas.

"De manhã, já senti o cheiro. Uns 20 minutos depois, já aconteceu toda a movimentação na rua e no prédio. Moradores desesperados, com medo de tudo desabar", conta Silva.

Segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo José Galli, o acidente ocorreu às 8h21, causado pelo rompimento da galeria de esgoto próxima à obra.

De acordo com o síndico do condomínio, Júlio Harold, a Defesa Civil foi acionada por telefone e pelo site, por volta das 9h30, mas não houve resposta até que ele acionou a imprensa, às 12h30.

Ele diz que o prédio não aparenta fissuras nem houve qualquer tremor ou efeito estrutural aparente, só o mau cheiro, mas as pessoas seguem "assustadas e desocupando o condomínio".

"A gente só pode ter segurança quando tivermos a confirmação de um órgão público, né? Não tem rachadura nem nada, mas queremos uma avaliação para que possamos ficar tranquilos", afirma Harold. Ele também contratou uma perícia particular para uma avaliação a parte.

Prédio não precisa ser evacuado, diz Defesa Civil

A Defesa Civil se encaminhou ao local por volta das 12h30, depois que Silva e Harold procuraram a assessoria de imprensa da Secretaria de Transportes Metropolitanos para reclamar do não atendimento.

Em entrevista à imprensa, Robson Bertolotto, diretor da Defesa Civil na Lapa, onde fica a construção, afirmou que a região está estável e os prédios no entorno não precisam ser evacuados.

"O acidente está confinado na marginal. Não tem necessidade de fazer nenhuma interdição, nem o [supermercado] Makro, que é do lado [menos de 100 metros], foi interditado. Para tirar todas as dúvidas, nós vamos fazer uma análise no prédio", afirmou Bertolotto.

Segundo ele, as pessoas só devem evitar a região "por causa da calamidade do tráfego". "A erosão está confinada na marginal, em relação aos imóveis, eles não foram afetados por esse acontecimento. Zero", garantiu.

No começo da tarde, a marginal Tietê continuava com as pistas local e central interditadas no sentido da rodovia Ayrton Senna, entre as pontes da Freguesia do Ó e do Piqueri. Não há previsão de liberação.

Segundo a Secretaria de Transportes, a causa do acidente ainda está sendo investigada e falha humana não foi descartada.