Antes de cratera, obra da linha-6 parou por 4 anos e trocou de empresa
Lançada em 2008 pelo então governador de São Paulo José Serra (PSDB), a linha 6- Laranja do metrô deveria ter sido inaugurada em 2012 —essa era a previsão para a entrega do maior trecho, da Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, até a estação São Joaquim, no centro. Mas, até hoje, nenhum trecho foi finalizado.
Hoje (1º), mais cedo, houve um desmoronamento nas obras da linha 6 - Laranja, que abriu uma cratera na Marginal Tietê, uma das principais vias da capital paulista. Segundo o governo estadual, a suspeita é que uma adutora de esgoto se rompeu. Ninguém ficou ferido.
A expectativa é que a linha passe por um túnel debaixo do rio Tietê, tenha 15,3 km de extensão —da zona norte até o centro— e atenda 600 mil passageiros por dia.
No fim de 2013, o consórcio Move São Paulo —formado pelas construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão, UTC Engenharia e um fundo financeiro— venceu a licitação para construir e operar o trecho. À época, foi o único a apresentar proposta.
As obras começaram com atraso, em 2015. No ano seguinte, após a Operação Lava Jato —cujas investigações envolviam empresas do consórcio— o Move São Paulo alegou não ter dinheiro nem linha de crédito e abandonou o projeto. O grupo precisava de R$ 5,5 bilhões para financiamento.
Com a obra parada, dois anos depois, em 2018, Geraldo Alckmin, então governador do estado, anunciou o cancelamento do contrato.
No total, o projeto foi interrompido por quatro anos. Antes da desistência do consórcio, a previsão de entrega da linha-6 Laranja era 2018. Passou para 2020 e, depois, 2021. O novo prazo é 2025.
Troca de concessionária
A obra da linha 6 - Laranja foi retomada no fim de 2020. O grupo espanhol Acciona comprou os direitos do consórcio Move São Paulo, o que evitou a necessidade de uma nova licitação.
Reportagem do UOL noticiou que, um mês após a retomada das obras, moradores do entorno da linha não viram movimentações nos canteiros.
O contrato prevê que o grupo espanhol, além de construir a linha, passe a operá-la por 19 anos. A empresa também deve adquirir a frota de 22 trens.
Ao todo, estão previstas 15 estações —desde a região da Brasilândia até o centro da capital paulista, na ligação com a linha 1-Azul. Com ônibus, esse percurso dura entre uma hora e meia e duas horas. Com o metrô, a estimativa é que os passageiros gastem 23 minutos.
A linha deve passar perto das faculdades PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Mackenzie, Faap, FGV e Unip. Por isso, o trecho foi apelidado de Linhas das Universidades.
Trecho faz parte de projeto Expansão SP de 2007
A linha 6- Laranja fazia parte do projeto Expansão SP, anunciado em 2007 pela gestão Serra —do mesmo partido em que estava Alckmin, quando foi governador, e de João Doria, que ocupa agora a cadeira no Palácio dos Bandeirantes.
O objetivo era totalizar mais de 400 km de linhas de metrô até a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, além de melhorias na rede da CPTM (de trens metropolitanas).
De lá pra cá, muitas linhas sofreram problemas como atrasos e paralisação das obras. A linha 17 - Ouro, por exemplo, está inacabada há dez anos —a expectativa é que seja finalizada no final deste ano e atenda 165 mil passageiros por dia.
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