Obra do metrô cede, abre cratera e interdita parte da Marginal Tietê em SP
Um desmoronamento nas obras da linha 6-Laranja do metrô de São Paulo interditou um trecho da Marginal Tietê, na manhã de hoje (1º). Imagens aéreas mostram uma cratera que se formou na lateral da pista, com pedaços de asfalto cedendo. Uma caixa d'água acabou sendo engolida.
Paulo Galli, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, afirma que houve um vazamento na adutora de esgoto no local e diz não descartar que houve falha humana. Quatro trabalhadores foram socorridos para avaliação após contato com a água, mas ninguém se feriu.
Com o desmoronamento, registrado por volta das 9h, um trecho da via está interditado no sentido da rodovia Ayrton Senna, entre as pontes do Piqueri e da Freguesia do Ó. Segundo a CET, a via expressa foi parcialmente liberada e funcionários da companhia atuam no local orientando o tráfego.
Além disso, o rodízio de veículos está suspenso pelo resto do dia na cidade de São Paulo.
Para escoar o trânsito represado, a CET está desviando os veículos que estão na pista central para a expressa.
Já os veículos que estão na pista local estão sendo direcionados para o corredor da Av. Ermano Marchetti / Marquês de São Vicente e retornam para a Marginal Tietê na altura da Praça Pedro Corazza, informou nota da companhia já no início da tarde de hoje.
"Estrondo" criou correria em obra
Funcionários disseram que ouviram um "estrondo" na parte mais baixa da escavação, quando supostamente a água rompeu a estrutura. Os presentes começaram a correr. Segundo relatos, não havia mais ninguém na área quando houve o desabamento da pista.
A linha 6-Laranja faz parte de uma Parceria Público Privada entre o governo do estado e a concessionária espanhola Acciona e deve ter 15 km, ligando a Vila Brasilândia, na zona norte, à estação São Joaquim, no centro.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou apuração imediata das causas e solicitou um plano de normalização do tráfego da Marginal à prefeitura e à concessionária responsável pela obra. "E que as obras possam ser reiniciadas, com segurança, o mais breve possível", afirmou.
Em nota ao UOL, a Secretaria de Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo informou que o problema ocorreu no "poço de ventilação" da linha-6 Laranja, estrutura avistada nas imagens áreas ao lado da cratera aberta hoje.
Questionada sobre as possíveis causas do desabamento, a STM afirmou que criou um comitê para investigar as causas do acidente e disse que "fará estudos com soluções técnicas para a realização de obras de drenagem e recuperação para a retomada das obras do Metrô", além do "conserto da tubulação e da Marginal Tietê".
"A tubulação, chamada Interceptor de Esgotos (ITI-7), é responsável por encaminhar o esgoto coletado para tratamento na ETE Barueri. Técnicos da Companhia trabalham no momento para desviar o esgoto para outros interceptores", diz trecho da nota emitida pelo órgão.
Em coletiva de imprensa, o secretário de Transportes Metropolitanos Paulo Galli não descartou que a abertura da cratera tenha ocorrido por falha humana. Segundo ele, os técnicos ainda estão apurando o que aconteceu, mas a hipótese de que o desabamento tenha sido causado pela Tatuzão teria perdido força porque a escavadeira estava a cerca de 3 metros de profundidade do rompimento. Ele também confirmou que ocorreu um vazamento na adutora do esgoto.
Houve um rompimento da galeria de esgoto que passa no sentido transversal ao túnel. O início de vazamento foi às 8h21 e todos os funcionários foram removidos."
Paulo Galli, secretário de transportes metropolitanos
A Polícia Militar de São Paulo, que esteve no local no início da ocorrência, chegou a informar que um equipamento de escavação subterrâneo usado na obra teria atingido o leito do Rio Tietê. Concessionária e governo afirmam que a água seria, no entanto, da coletora de esgoto. Especialistas estão no local para avaliar o risco de danos em até três faixas da Marginal.
A espanhola Acciona, responsável pelas obras, informou que na manhã de hoje ocorreu um rompimento de uma coletora de esgoto próximo ao VSE Aquinos, ponto onde está o Poço de Ventilação e Saída de Emergência da futura linha.
Equipes da Linha Uni, que irá operar a linha e é propriedade da Acciona, estão no local para apurar os fatos, segundo nota da concessionária enviada ao UOL.
"Todas as medidas de contingência já foram tomadas. Parte do asfalto da Marginal Tietê cedeu e, por questão de segurança, a pista está parcialmente interditada. Em caso de dúvidas, a população pode entrar em contato com a Central de Atendimento da Linha Uni, concessionária responsável pela obra, pelo telefone 0800 580 3172, de segunda a sexta das 8h30 às 17h30 ou por meio da página https://www.linhauni.com.br/contato", completou o comunicado.
Esta não é a primeira vez que um acidente do gênero gera preocupação em São Paulo. Em 2007, uma cratera também se formou durante as obras da Linha 4-Amarela, matando sete pessoas. No local, hoje funciona a Estação Pinheiros.
Obras da Linha 6-Laranja ficaram paradas por 4 anos
As obras da Linha 6-Laranja começaram em janeiro de 2015, mas foram paralisadas cerca de um ano e meio depois, em setembro de 2016, após um problema na Parceria Público Privada firmada entre o governo e o Consórcio Move São Paulo, formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC.
Sem conseguir financiamento de longo prazo com o BNDES, o contrato de concessão das empresas "caducou" e em maio de 2020 a concessionária espanhola Acciona assumiu o projeto, retomando as obras em outubro.
Com 15,3 km de extensão, a previsão é de que a linha tenha 15 estações, da Brasilândia até o centro de São Paulo. Hoje, de ônibus, este trecho leva entre uma hora e meia e duas horas para ser feito. Com o metrô, a expectativa é de que a viagem leve 23 minutos. 630 mil pessoas devem ser beneficiadas após a entrega, inicialmente prevista para 2020 e remarcada para outubro de 2025 após os imprevistos.
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