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Barbeiro salva 20 parentes e vizinhos em Petrópolis: 'Foi tudo embora'

Keven, a mulher Andrielle e os filhos conseguiram escapar de deslizamento no Morro da Oficina - Reprodução/Facebook
Keven, a mulher Andrielle e os filhos conseguiram escapar de deslizamento no Morro da Oficina Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

18/02/2022 11h27Atualizada em 18/02/2022 13h48

Keven Amorim, 26, conseguiu resgatar 20 pessoas momentos antes do deslizamento que soterrou dezenas de residências no Morro da Oficina, em Petrópolis (RJ), após a cidade ser atingida por uma chuva recorde na terça-feira (15).

O barbeiro, que trabalhava em um salão no pé do morro, percebeu os primeiros sinais da tragédia, com a queda de pedras, e se movimentou para ajudar o maior número possível de parentes e vizinhos a deixarem suas casas, em uma região hoje encoberta pelo entulho e pela lama.

"Eu estava do lado, salvei todos que pude. Por onde subi (na escadaria), depois não dava para descer mais", contou o rapaz ao Metrópoles.

"Tirei uma senhora de 80 anos, que é acamada, e desceu o barranco", detalha Keven sobre os momentos de desespero que passou ao lado de um vizinho, que o ajudou na operação improvisada.

O barbeiro, a mulher, e seus três filhos estão no abrigo montado na Igreja Santo Antônio, para onde também foi a vizinha idosa.

Morador da região desde os 5 anos, Keven conta que muitos de seus amigos de infância estão entre os 116 desaparecidos. 120 mortos já foram registrados até o momento, com 57 deles identificados, mas os números seguem subindo.

"Todo o lado do morro que perdeu, eu conhecia tudo lá. Olho para barreira e lembro de todos dali. A gente cansou de brincar naquela área", lembra ele, que relatou nunca ter passado por um episódio parecido com as chuvas, que comumente castigam Petrópolis.

Apesar de lamentar a perda do salão em que trabalhava junto à esposa, fonte de renda da família, Keven celebra que o casal e suas duas filhas conseguiram sair ilesos da tragédia. A companheira do rapaz, Andrielle Lopes, 25, estava no comércio acompanhada das meninas quando o deslizamento aconteceu.

"Só deu tempo de correr, quando olhei para trás não tinha mais nada", declarou ela, ao Metrópoles.