Chuva volta, sirenes tocam e número de mortos sobe para 120 em Petrópolis
No fim da tarde desta quinta-feira (17) voltou a chover forte em Petrópolis (RJ), dois dias após o temporal que acometeu a cidade e deixou, até o momento, 120 mortos, 116 desaparecidos e 370 desabrigados.
Segundo a Defesa Civil, 14 sirenes foram acionadas no 1º Distrito para alertar sobre a previsão de forte chuva. Tanto a rua Nova, na comunidade 24 de maio, quanto a Vila Manoel Correa, na Rua Teresa, foram interditadas. No bairro Quitandinha, houve alerta para evacuar quem vive em áreas de risco.
Uma casa chegou a ser atingida por um deslizamento de terra na rua Nova ontem mais cedo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, ninguém ficou ferido.
As sirenes também tocaram em Ferroviários, Vila Felipe (Chácara Flora), Sargento Boening, São Sebastião (Adão Brand e Vital Brasil) e Siméria. A Defesa Civil informou ter disparado três alertas de chuva forte por SMS, além de ter divulgado informes sobre o temporal em aplicativos de mensagens.
A previsão é que o município ainda sofra com pancadas de chuva de intensidade moderada a forte até o sábado (19). As chuvas mais fortes são previstas para o período da tarde.
Pior temporal em 90 anos
Na terça (15), a cidade foi atingida por um volume excepcional de chuvas; em três horas, choveu mais do que o previsto para o mês de fevereiro todo.
Segundo a Defesa Civil, foi o pior temporal registrado em Petrópolis desde 1932 — mesmo ano que a medição começou a ser feita pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Ônibus foram arrastados pelas enxurradas, casas foram destruídas e corpos foram encontrados depois que a água baixou.
No Morro da Oficina, onde mais de 80 casas foram atingidas, famílias cavavam por conta própria para encontrar parentes sob os escombros. A região concentra o maior número de vítimas da atual tragédia.
Uma árvore de grande porte caiu na noite de ontem (17) e interditou a subida da serra de Petrópolis na altura do acesso ao Parque São Vicente, próximo do Quitandinha. A árvore também atingiu cabos de energia elétrica.
O governo do Rio de Janeiro informou que, até o momento, 229 famílias solicitaram o Aluguel Social — recurso que auxilia pessoas que estão sem moradia.
Estudo já havia identificado áreas de risco
Reportagem do UOL mostra que a prefeitura tem em mãos desde maio de 2017 um estudo que identificou 15.240 moradias com risco alto ou muito alto de destruição por consequência de chuvas no 1º Distrito, o mais afetado pelas chuvas.
As chuvas foram provocadas pela soma de alguns fatores, como ar abafado, chegada de uma frente fria junto a um corredor de umidade, e o relevo local. Áreas montanhosas —como no caso da Região Serrana do RJ— são mais propícias para a formação de nuvens de chuva forte.
No entanto, para o climatologista José Marengo, não é o excesso de chuvas o responsável pelas mortes, mas sim a "falta de ação" por parte das autoridades.
Bolsonaro deve sobrevoar área hoje
Após cumprir agenda na Rússia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) retorna ao Brasil hoje e afirmou que pretende sobrevoar Petrópolis.
O MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) divulgou que destinará R$ 2,3 milhões para assistência à população afetada. Deste total:
- R$ 1,6 milhão serve para a compra de cestas básicas, kits de higiene pessoal, colchões, materiais de limpeza e kits de dormitório com cobertor e lençol, que devem beneficiar mais de três mil pessoas
- R$ 655,7 mil serão destinados à limpeza urbana e à desobstrução de canais, com a contratação de auxiliares de serviços gerais, encarregado geral de obras, caminhões e escavadeira
Diante da tragédia, a prefeitura decretou, ainda na terça-feira, estado de calamidade pública — medida que permite ampliação de gastos, atrasos de pagamentos e parcelamento de dívidas no município. Desde de 1º de fevereiro, a cidade já se encontrava em situação de emergência por causa das chuvas.
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