Pastor é preso após repetidos discursos de ódio contra judeus e gays no RJ
O pastor Tupirani da Hora Lores, conhecido por discursos ofensivos contra judeus e homossexuais, foi preso na manhã de hoje pela PF (Polícia Federal).
O pastor, que é líder religioso da igreja pentecostal Geração Jesus Cristo, foi preso no bairro de Santo Cristo, na zona portuária do Rio, durante a operação "Rófesh", que significa liberdade em hebraico. A ação foi deflagrada, segundo a PF, para prender a liderança de um grupo radical conhecido por promover discursos de ódio contra o povo judeu.
No momento da prisão, o pastor vestia uma camisa: "Não sou vacinado".
Contra ele, foi cumprido um mandado de prisão preventiva e outro de busca e apreensão do celular. Os mandados foram expedidos pela 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
De acordo com as investigações da PF, Tupirani produziu e publicou diversos vídeos com ataques diretos aos judeus e membros de outras religiões. Ele é conhecido ainda por fazer pregações racistas, contra a vacina da covid-19 e contra o voto. O acusado responderá pelos crimes de racismo, ameaça, incitação e apologia ao crime. Caso condenado, Tupirani poderá cumprir pena de até 26 anos de prisão.
Iago Fonseca de Oliveira, delegado da PF e chefe do Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF/RJ explicou que a investigação teve início com a notícia crime oferecida pela Confederação Israelita.
Mesmo após a deflagração da primeira fase dessa operação, o preso continuou reiterando suas condutas, inclusive com ataques à autoridade pública. O crime de ódio pode configurar racismo que é previsto em tratado internacional e por isso a PF investiga e garante que esse tipo de conduta não fique impune, seja no meio virtual ou em outros meios.
Iago Fonseca de Oliveira, delegado da Polícia Federal
O UOL fez contato com uma das advogadas do pastor por e-mail, mas até o momento não obteve retorno. A matéria será atualizada assim que a defesa se pronunciar sobre o caso.
Alvo da PF
O pastor já foi alvo da PF em outra ocasião. No dia 12 de março do ano passado, Tupirani da Hora Lores foi alvo da operação "Shalom", após pedir por um "massacre" de judeus. Os agentes foram à sede da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, em que ele é chefe, para cumprir um mandado de busca e apreensão.
A PF quis ter acesso ao vídeo do culto. Na época, o pastor falou que os judeus "deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial".
Ricardo Sidi, advogado criminalista da Confederação Israelita do Brasil (Conib) avalia que a prisão preventiva está corretamente decretada, "tendo em vista que o pastor reincide sistematicamente na prática de crimes há mais de dez anos e essa é uma hipótese clássica para prisão preventiva.
"Uma prisão corretamente decretada, bem fundamentada, único meio legal, nesse caso, para conter essa ânsia de praticar discriminação e incitar seus fiéis a também praticarem discriminação e se envolver em atos violentos", completou Sidi.
Tupirani desafiou a polícia em vídeo
"Manda o delegado vir aqui pedir a minha retratação. Ele não é homem para isso, eu sou vencedor do sistema, ninguém me detém".
A fala ganhou repercussão em jornais de Israel e a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado do Rio enviaram uma notícia crime para a PF.
Tupirani já foi preso em 2009 por promover discursos de intolerância religiosa, sendo o primeiro no Brasil condenado por esse tipo de crime. Durante um culto, na ocasião, ele chegou a chamar judeus de "vermes".
Depois, em 2012, ele e outros membros da igreja também foram detidos por intolerância religiosa, por comportamentos homofóbicos, xenófobos e racistas.
Em agosto do ano passado, o pastor disse, em meio a salva de palmas e gritos de "aleluia" daqueles que acompanhavam a pregação que "a igreja de Jesus Cristo não levanta placa de filho da p* negro nenhum, não levanta placa de filho da p* de político, não levanta placa de filho da p* de veado. A igreja de Jesus Cristo só levanta a sua própria placa, p**", gritou Lores.
O discurso foi feito em ataque ao pedido de desculpas da pregadora Karla Cordeiro, chamada de Kakau, da Igreja Sara Nossa Terra. Ela havia dito para os fiéis pararem de "ficar postando coisa de gente preta, de gay" em 31 de julho.
Após a repercussão negativa do vídeo e da abertura de um inquérito policial, Kakau publicou uma nota de retratação, em 3 de agosto. O novo posicionamento da pregadora irritou o líder da igreja pentecostal Geração Jesus Cristo.
"Se vocês pedem desculpa do que falam dentro da igreja para um babaca de um delegado, sabe o que você é Karla Cordeiro? Uma p***. Você é uma prostituta, o teu pastor deve ser um veado, a tua igreja toda é uma igreja de prostitutas. Malditos sejam vocês, que a garganta de vocês apodreça por terem ousado tocar no nome de Jesus, raça de p**** e piranhas, é isso que vocês são", disse Lores.
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