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Sem-teto espancado por personal vai para abrigo no DF: 'Risco de violência'

Jéssica Lima

Colaboração ao UOL, em Brasília

19/03/2022 12h40Atualizada em 20/03/2022 15h32

O homem em situação de rua que foi espancado por um personal trainer na quarta-feira (9) no Jardim Roriz, em Planaltina (DF), está em uma Casa de Passagem, gerenciada pela Secretaria de Desenvolvimento Social. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa entrou em contato com o Governo do Distrito Federal para pedir assistência jurídica e assistência psicossocial para Givaldo Alves de Souza, 48, que corre "risco de grave violência".

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa Fábio Félix disse que a maior preocupação no momento é com a proteção e o bem-estar das pessoas envolvidas.

"A ampla repercussão que o caso ganhou pode colocar pessoas que já estavam em situação de vulnerabilidade em uma situação ainda pior. A mulher por questões de saúde mental e o homem por sua situação de extrema vulnerabilidade social, que o coloca em risco de graves violências", explica Félix, acrescentando que foi pedido à Secretaria de Desenvolvimento Social o atendimento psicossocial do homem e à defensoria, o atendimento jurídico.

O deputado também informou ao UOL que solicitou à Polícia Civil do Distrito Federal mais informações sobre a investigação. Procurada, a corporação disse que continua investigando o caso.

O ofício escrito pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa foi encaminhado para a Secretaria de Desenvolvimento Social na quarta-feira (16). No dia seguinte, o sem-teto foi encaminhado para a Casa de Passagem.

"Tendo em vista que compete à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar, previsto no artigo 67, do Regimento Interno da Câmara Legislativa do Distrito Federal, "I - investigar denúncias de violação dos direitos humanos ou cidadania", solicitamos o acompanhamento social do caso e se necessário a oferta de benefícios socioassistenciais à vítima das agressões", informou o documento.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou ao UOL que o caso segue sob sigilo, não podendo passar detalhes sobre a ocorrência. O caso é investigado como "legítima defesa de terceiros". "Informamos que homem já foi acolhido em uma Casa de Passagem, gerenciada pela Sedes", disse.

O caso

Givaldo, um homem em situação de rua, foi espancado pelo personal trainer Eduardo Alves, 31, na quarta-feira (9) após ser encontrado dentro do carro da esposa do agressor tendo relações sexuais com ela. A cena de violência foi registrada por câmeras de segurança em Planaltina. Nas imagens, é possível ver que, por volta das 22h30, o personal trainer se aproxima do carro da esposa. Ele bate na lataria várias vezes, até que consegue abrir a porta, tira o homem que vive em situação de rua de dentro e o agride repetidas vezes.

O homem sai sem roupas e é novamente espancado. Nas imagens seguintes, é possível ver que a esposa, de 33 anos, se ajoelha no chão e é contida pelo personal trainer.

Outras pessoas aparecem em cena e tentam acalmar o casal. A vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para um hospital da cidade com vários ferimentos, principalmente no rosto. Ele recebeu alta da unidade na última segunda-feira (13).

No dia do incidente, o personal diz que havia combinado com a esposa de sair com as crianças, mas ela não compareceu. Ele estranhou a demora e foi até o último local que sabia que a companheira havia ido. Ao chegar lá, se deparou com o carro estacionado e a mulher e o morador de rua "pelados".

Eduardo Alves afirma que a família tem dado suporte à mulher, que segundo a advogada do casal, segue internada no Hospital Regional de Planaltina. "Ela está recebendo suporte clínico e psiquiátrico, conforme protocolo de atendimento para esse tipo de violência", disse a advogada da família, Auricelia Vieira. Ele também declarou que o casamento dele continua e disse que a mulher ainda não sabe da proporção que o caso tomou, já que está sem acesso às redes sociais desde que foi internada.

O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia de Planaltina.