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RJ: Tradicional pizzaria é acusada de racismo ao não atender jovem negro

Do UOL, em São Paulo

29/03/2022 16h19Atualizada em 29/03/2022 17h15

Um empresário do Rio de Janeiro acusa uma tradicional pizzaria no Leblon de racismo após uma funcionária ter se negado a servir um adolescente negro de 14 anos, morador da Rocinha e vendedor de balas. Em vídeo publicado nas redes sociais, Daniel Cohen detalha o episódio e ainda cita que foi informado que o pedido dele seria cancelado caso houvesse insistência para atender a demanda do menino.

O episódio ocorreu no domingo por volta das 6h da manhã, segundo o empresário. O adolescente pediu que fosse paga uma pizza para ele e os amigos e foi convidado para comer na mesa do grupo em que Cohen estava. Nas imagens, o empresário afirmou que a funcionária "disse como se fosse gerente" que eles não poderiam comprar a pizza para o garoto. "Não sei se é um caso de racismo, que caso é esse aí", afirma ele.

Na sequência, a funcionária em questão questiona qual é o relacionamento entre o empresário e o jovem. "Amigo", responde Cohen. A mulher insiste em questionar o grau de relação entre os dois e afirma: "Ele é de menor. Ele tem que estar na casa dele uma hora dessa."

O empresário aborda o responsável pelo estabelecimento e questiona o motivo do adolescente não poder comer à mesa com ele e os amigos. "O jovem pediu para se alimentar aqui e aquela senhora disse que se eu fosse pagar a refeição do menor o meu pedido seria cancelado e disse que o problema é porque existem pessoas na minha mesa bebendo bebida alcoólica, mas o menor não vai consumir bebida alcoólica, ele só vai pedir uma refeição", afirma Cohen.

Nos stories, Cohen afirmou que o adolescente já estava sentado à mesa quando eles fizeram o pedido.

"Pedimos a comida dele e falaram que se ele quisesse comer, teria que ser lá fora. O gerente me disse: 'isso foi erro da nossa segurança, o menino não deveria nem ter entrado', ou seja, não queriam servir ele por ser vendedor de bala ambulante. Rebatemos dizendo que ele comeria conosco sim, e não como eles queriam, "lá fora". Como assim, gente. O garoto ia comer na rua? Sentado na calçada? Pelo amor de Deus! Tratado como bicho!", defendeu ele.

Ainda, segundo o empresário, a funcionária havia dado diversas explicações para não servir o adolescente.

"Problema inicialmente era o horário, que era 6h da manhã, e não 5h, como uns disseram em razão da senhora. Depois disse ter gente consumindo álcool. Éramos cinco, eu e mais dois não bebíamos no local, só dois amigos pediram chopp. Em seguida, não queria servir dizendo: 'Você é o que dele' ... totalmente sem sentido. Por último, dizia que a irmã dele já arrumou problemas no local, e por isso não o serviria."

"Se fosse um jovem de mesma idade porém, branco, às 6h da manhã de roupinha social, ela serviria. O garoto tava lá às 6h da manhã trabalhando. Não de vagabundagem", finaliza o empresário.

O UOL entrou em contato com a Pizzaria Guanabara para um posicionamento, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço será atualizado assim que houver manifestação.