Homem grava anúncio do próprio funeral e pede 'caixão cervejeiro' em SP
João Geraldo Roveri, 65, era figura conhecida de Mirandópolis (SP), município com menos de 30 mil habitantes - era a voz em um carro de som que, em parceria com funerárias e produtoras, anunciava enterros e eventos festivos. As mesmas caixas de som que eram transportadas por ele nas ruas com notícias de pesar chamavam os moradores para as comemorações no município. Tudo dependia do anunciante. Brincalhão e popular, JG, como era chamado por amigos, decidiu unir as suas duas funções ao fazer o próprio anúncio póstumo, convidando amigos para o seu velório, que deveria ser celebrado como uma festa ao redor de seu corpo - que queria coberto por tampas de cerveja que coletou ao longo dos últimos anos. O tal convite ecoou no município com a voz do homem, assustando alguns, no último sábado (2).
Criado brincando nas ruas junto aos irmãos, de juventude boêmia como membro de bandas de rock e investindo na carreira publicitária desde 2009, nem a despedida do homem seria comum. O anúncio foi gravado em 2015 e mostrado, na época, a familiares em tom de "brincadeira com fundo de verdade". Um ataque cardíaco fulminante deu "seriedade" ao áudio, tocado oficialmente pelas ruas de Mirandópolis um dia antes de seu sepultamento.
Atenção, comunicamos nota de falecimento. Faleceu nesta cidade este que vos fala. Aguardo a sua presença no velório municipal para os nossos últimos contatos. Favor levar drinks e quitutes. E atenção, caso não possa ir, venho lhe buscar.
O áudio vem acompanhado da música "Amigo do Sol, amigo da Lua", de Benito di Paula, que, segundo o irmão de João Geraldo, Fernando José Roveri, marcou a vida do homem e era uma das composições que o artista mais tocava em seus shows.
"A gente sempre se encontrava. Um dia ele me mostrou a gravação e disse que fazia questão de que as pessoas divulgassem no falecimento dele. Falou em tom de brincadeira, mas era sério", recorda em conversa com o UOL.
Executivo da área de corretagem e dois anos mais novo do que o irmão, Fernando lembra que a família sempre foi plural e que JG sempre teve foi de fazer amigos facilmente. "Na minha família, os meus pais tiveram cinco filhos, tenho de irmã freira até um irmão boêmio roqueiro. Meu irmão sempre foi um boêmio, uma pessoa muito extrovertida que fazia da vida uma grande brincadeira", aponta.
Até mesmo o coveiro do cemitério municipal se surpreendeu com a morte repentina do mirandopolense. "Na hora que eu fui tratar com ele do enterro, falei que era meu irmão que estava sendo sepultado ele me falou 'O João Geraldo? Não acredito". Ele tinha um bom relacionamento com todos, desde as pessoas mais humildes até os que tinham cargos mais altos", relembra.
O desejo dos quitutes e drinks não pôde ser concretizado por causa das condições sanitárias do velório público, mas outra vontade de João Geraldo foi cumprida pelos familiares: no lugar de rosas, o caixão do boêmio foi ornado com tampinhas de cerveja, juntadas por ele em vida.
"Apesar de não conseguirmos levar os quitutes e drinks, os amigos que lá estavam tiveram a oportunidade de reviver boas histórias dele", recorda Fernando. João Geraldo deixa a esposa Ângela, a filha Carolina e uma neta, Valentina.
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