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'Aqui não tem luto': filho diz que Flordelis queria seguir vida normal

Ruben Berta

Do UOL, no Rio

23/11/2021 19h29Atualizada em 24/11/2021 10h54

Apesar de não ter sido julgada na sessão que começou na terça-feira (23) no Tribunal do Júri de Niterói (RJ), a ex-deputada Flordelis foi personagem constante nos depoimentos das testemunhas elencadas para depor sobre a participação de dois filhos dela no assassinato de seu marido, o pastor Anderson do Carmo.

No terceiro depoimento do julgamento, Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, também filho de Flordelis, afirmou por mais de uma vez que a ex-deputada foi a mandante do assassinato do pastor, em junho de 2019.

Misael contou que, num encontro com Flordelis depois da morte de Anderson, ela teria afirmado que "aqui não tem luto", ao se referir a uma possível tristeza diante da morte de seu marido. Segundo ele, a ex-deputada estava mais preocupada com um evento da igreja que estava para acontecer.

O filho de Flordelis, assim como sua mulher, Luana Rangel, que foi a quarta a depor, afirmaram que ela teria escrito num papel que jogou o celular de Anderson no mar após a sua morte:

"Ela escreveu num papel que jogou o celular de Anderson na Ponte Rio-Niterói. Temia que a polícia tivesse colocado escuta na casa", afirmou Misael.

Sobre o julgamento

Dois filhos de Flordelis, Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza, foram condenados na madrugada desta quarta (24) por participação no assassinato do pastor Anderson do Carmo, ocorrido em junho de 2019.

Flávio, filho biológico de Flordelis, é acusado de efetuar os disparos que mataram o pastor e foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa. Já a pena de Lucas, acusado de ter comprado a arma usada no crime, foi de sete anos e seis meses de prisão por homicídio.

Os dois —que já estavam presos chegaram algemados ao tribunal, mas a juíza Nearis dos Santos Arce, que presidiu o julgamento, permitiu que as algemas fossem retiradas minutos após o início da sessão.

Flordelis está presa desde o dia 13 de agosto, após perder seu mandato, mas os advogados que representam a ex-parlamentar acompanharam a sessão. O pai de Anderson, Jorge Souza, também foi ao tribunal acompanhado do advogado Ângelo Máximo, que atua como assistente da acusação.

A ex-deputada e outros oito réus estão sendo julgados em outro processo, já que houve um desmembramento.

Delegada define filhos de Flordelis como "peças manobradas"

O julgamento durou 15 horas. Na terça, a primeira testemunha a depor foi a delegada Bárbara Lomba, que conduziu a primeira fase das investigações.

"Víamos que eles (filhos) eram peças manobradas. Pelos depoimentos, vimos que eles não planejaram nada sozinhos", afirmou a delegada.

O segundo depoimento foi do delegado Allan Duarte, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá, que assumiu as investigações após Bárbara Lomba deixar o caso. Ele também citou Flordelis ao afirmar que, de acordo com as investigações, a ex-deputada teria sido a responsável pela compra da arma utilizada no crime.