Polícia conclui que namorada cortou barriga de jovem de 20 anos no ES

Mais de três meses após Gabriel Muniz Pickenrsgill, 20, ser encontrado com o intestino exposto na Praia do Ermitão, em Guarapari, na Região Metropolitana de Vitória, a Polícia Civil do Espírito Santo anunciou o conteúdo do inquérito que indiciou a namorada dele, Lívia Simões Paiva Pereira, 20, como responsável por cortar a barriga do rapaz — a suspeita é que o crime tenha sido praticado com cacos de vidro. A Justiça aceitou denúncia contra a jovem na semana passada.

"Uma investigação difícil para a Polícia Civil. Tratava-se de um casal, um local ermo, de madrugada, não tinha testemunha, outras informações, a não ser o casal. Mas o delegado reuniu informações para indiciar a moça, por ela apresentar lesões nas mãos e o rapaz ter tido um corte grotesco", explicou o delegado-geral da Polícia Civil capixaba, José Darcy Arruda, em entrevista coletiva.

Relacionadas

Mulher vista com sem-teto quebra o silêncio: 'Não escolhi ter um surto'

PM morre ao dar ordem de parada e ser atropelado por homem foragido em SC

SC: Mãe e padrasto são indiciados por morte de menina que caiu de 4º andar

Segundo o delegado Franco Malini, que conduziu a investigação, a mão da garota apresentava "lesões de ataque", que são pequenos ferimentos causados por quem manuseia um objeto cortante.

"As lesões que a menina apresenta na mão são típicas de corte. Ela possivelmente deu soco no rosto do rapaz e fez o corte na barriga, por conta do corte que tem na mão", afirmou Malini.

O delegado informou que "o corte era irregular, grosseiro e não-cirúrgico, que pode ter sido feito com um caco de vidro".

Outro ponto que permitiu a conclusão foi a de que o casal estava sozinho na praia na hora do caso.

"Essa investigação não poderia se basear em provas testemunhais. Apenas duas pessoas estavam no local e, de acordo com a legislação, devem colaborar com as investigações. Ambos dizem não se lembrar do que ocorreu. A nossa conclusão foi que só estavam eles", ressaltou o delegado.

Em versão contada pelos familiares dos dois jovens, eles teriam sido alvo de ação violenta e criminosa de terceiros.

Franco Malini também ressaltou que o casal confirmou o uso de LSD. No entanto, eles dizem não se lembrar do que houve depois do uso da droga.

"Um dos elementos que nos levaram a concluir é uma ligação que ela fez com a própria mãe. Tinha combinado um horário, porem não retornou. A partir de então a família começou a procurá-la. Somente 2h20 da manhã a mãe conseguiu contato com ela, ela atendeu, e foi quando a mãe relata que escutou a voz da filha, apenas, durante 50 minutos de ligação, e em alguns momentos escutou o rapaz falar 'Praia do Ermitão' e deduziu onde estavam", concluiu o delegado.

Namorada é ré na Justiça

O Ministério Público do Espírito Santo denunciou Lívia Simões Paiva Pereira à Justiça. O Tribunal de Justiça do Estado aceitou a denúncia e ela se tornou ré no caso. Assim, vai responder por lesão corporal grave. Se condenada, ela pode ser submetida a uma pena que varia de 2 a 8 anos de prisão. No entanto, a Justiça concedeu que ela aguarde em liberdade o julgamento.

A denúncia do MP vai no mesmo sentido do inquérito da Polícia Civil, de que a jovem, após o consumo de drogas, cortou parte do intestino do namorado. Quando recobraram a consciência, ele estava com parte do órgão cortado e com a barriga aberta.

O garoto teve que ser internado duas vezes por conta da lesão e teve nova alta médica na semana passada.

Até então, vítima e denunciada estavam sendo representados por um único advogado, Lécio Silva Machado, porta-voz das famílias. Após a Justiça acatar a denúncia do Ministério Público, foi solicitado pelo juiz Edmilson Souza Santos que o profissional indique quem continuará representando no caso.

Procurado pelo UOL para esclarecimentos e para manifestação da defesa de Lívia, Machado ainda não atendeu aos pedidos da reportagem. Este espaço será atualizado tão logo haja posicionamento.