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Pará: PF acha 3 mortos em reserva indígena onde caçadores estavam perdidos

Ainda não é possível dizer de quem se trata, nem a causa das mortes, segundo informou a Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
Ainda não é possível dizer de quem se trata, nem a causa das mortes, segundo informou a Polícia Federal Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Do UOL, em São Paulo

30/04/2022 14h49Atualizada em 01/05/2022 21h10

A Polícia Federal informou neste sábado (30) que encontrou três mortos na Reserva Indígena de Parakanã, a cerca de 30 km da área urbana de Novo Repartimento, no leste do Pará. Ainda não se sabe se os corpos são dos três homens que desapareceram no último domingo (24), depois de invadir a terra indígena para caçar.

Por ora, segundo a PF, não é possível dizer a causa das mortes. A análise será feita por médicos legistas da Polícia Científica do Pará, em Marabá, e por peritos criminais da PF.

O UOL procurou a assessoria da Superintendência da PF no Pará para perguntar se os corpos são, de fato, dos três caçadores desaparecidos, mas o órgão apenas reenviou a nota já publicada no site oficial, que não confirma a informação.

Em conversa com o UOL, o advogado das famílias dos desaparecidos, Cândido Lima Júnior, disse que os corpos estavam em estado avançado de decomposição e confirmou que um cinto de vaqueiro que pertenceria a um dos três desaparecidos foi encontrado junto aos cadáveres.

Nenhum dos corpos tinha sido identificado até a noite de hoje. Ainda assim, segundo Lima Júnior, as famílias já consideram que os corpos encontrados são dos seus parentes.

A operação de busca envolveu mais de 150 agentes de segurança da PF, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional. A PF ainda disse que continuará a investigação para "identificar os autores do fato criminoso".

"Retaliação"

Moradores da região acusam indígenas pelo desaparecimento dos caçadores e falam em retaliação. Um grupo teria invadido uma escola indígena e agredido estudantes da aldeia, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Os três homens, identificados como Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luis da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara, moradores de propriedades rurais da região, saíram para caçar no domingo (24) e não voltaram. Na segunda (25), familiares iniciaram as buscas e encontraram apenas as motos e objetos pessoais dos caçadores.

Parentes de um dos desaparecidos foram à aldeia cobrar os indígenas e alegaram ter sido mantidos em cárcere privado.

Operação da PF - Divulgação/Polícia Federal - Divulgação/Polícia Federal
PF diz que continuará investigação para "identificar os autores do fato criminoso"
Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Indígenas ameaçados

Os indígenas — da etnia awaeté — passaram a receber ameaças diretas e por meio de redes sociais. Segundo o MPF (Ministério Público Federal) no Pará, moradores da região entraram armados na reserva para intimidá-los. A indígena Tarana Parakanã, estudante de Letras, contou ao Estadão que não indígenas invadiram a escola no Posto Taxakoakwera e agrediram estudantes.

Em nota, professores do Instituto Federal Rural do Pará, ao qual a escola é vinculada, cobraram uma ação enérgica das autoridades nas buscas pelos caçadores desaparecidos e denunciaram que os indígenas estão sendo alvo de preconceitos, já que não há nenhum indício de que tenham responsabilidade pelo desaparecimento dos três homens.

"O branco está invadindo as nossas terras e ameaçando o meu povo de morte", disse em vídeo o cacique da aldeia Parano'wa, Xeteria Parakanã.

A entrada de pessoas estranhas ao grupo é proibida em terras indígenas, segundo lei federal de 1973. A Parakanã tem 352 mil hectares e conta com 24 aldeias, onde vivem 1,4 mil indígenas. Como o contato com o homem branco é recente — feito há menos de 40 anos —, os awaetés não dominam bem a língua portuguesa.

(Com Estadão Conteúdo)