Entregador é chamado de macaco por defensora aposentada no RJ: 'Humilhação'
Uma defensora pública aposentada é investigada pelo crime de injúria racial após chamar um entregador de 'macaco' em um condomínio de luxo no bairro de Itaipu, em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O caso aconteceu no último sábado (30) e ganhou notoriedade após um vídeo, gravado pela própria vítima, circular pelas redes sociais.
A Polícia Civil, através da 81ª DP (Itaipu), já solicitou imagens de câmeras de segurança do condomínio Terra Verde e a mulher, que não teve o nome divulgado, foi intimada a prestar esclarecimentos na delegacia. No registro de ocorrência não consta o nome da agressora.
Segundo o entregador e assistente Jonathas Mendonça, ele e um outro entregador, motorista, por volta de 15h30, estavam no condomínio para deixar uma encomenda e estacionaram a van em frente à casa da defensora pública aposentada — local onde uma das entregas foi feita. Na ocasião, ela teria pedido para que o veículo fosse retirado para que ela pudesse sair com seu carro.
"O ajudante disse que não era motorista, que não tinha habilitação e explicou que o motorista [que entregava uma encomenda em outra casa] já estava voltando. Ela então começou a ofendê-lo, o chamando de 'otário, babaca e idiota' e ainda jogou uma pedra na van e tentou quebrar o retrovisor", disse Joab Gama, advogado que representa as vítimas em entrevista ao UOL.
Ainda de acordo com a defesa, foi neste momento em que o motorista do veículo voltou e as ofensas pioraram.
"Ele pegou o celular para gravar, porque ela estava jogando objetos na van. Para ele se resguardarem caso o veículo sofresse algum dano, ele gravou. Quando ele começou a gravar a senhora, que é uma defensora pública aposentada, o chamou de 'macaco'. Agora estamos acompanhando as investigações", acrescentou o defensor.
Em depoimento, uma das vítimas disse que, além dos xingamentos, a defensora pública aposentada ainda teria dito: 'você não sabe com quem está falando'.
"Humilhação", diz entregador
O motorista Eduardo Pessanha Marques disse, em conversa com o UOL, que a sensação que vem nutrindo desde o episódio "não deseja para ninguém".
Um sentimento de humilhação, misto de raiva, de a gente ser inofensivo diante do que essas coisas que acontecem bastante no nosso dia a dia. A gente se sente sem poder de reação. Eu desejo que ela assista o vídeo e reflita bastante sobre a atitude dela.
O entregador Jonathas de Souza Mendonça classificou o caso como uma "humilhação"
Não tem palavras para descrever esse ato. Quem tá ali, quem tá sofrendo a injúria racial é difícil se controlar. Minha mãe me vendo ser discriminado enquanto eu estava apenas fazendo meu trabalho, é uma humilhação para minha família também.
A reportagem procurou a Defensoria Pública. Por meio de nota, o órgão informou que "reitera que é absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação e tem na Coordenadoria de Promoção da Equidade Racial e no Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial ferramentas capazes de colaborar para a valorização de ações afirmativas". A Defensoria destacou ainda que a mulher não atua mais neste cargo já que se aposentou em novembro de 2016.
O UOL tenta contato com a defensora em questão, mas ainda não obteve a identificação dela ou o contato de seus representantes legais. Este espaço será atualizado tão logo haja contato e manifestação.
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