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'Filho de ouro': ex-militar da Marinha morto em chacina é enterrado no Rio

Esposa e mãe de ex-militar da Marinha ao lado do caixão durante o enterro - Herculano Barreto Filho/UOL
Esposa e mãe de ex-militar da Marinha ao lado do caixão durante o enterro Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Do UOL, no Rio

26/05/2022 16h51Atualizada em 27/05/2022 22h41

O ex-militar da Marinha Douglas Costa Inácio Donato foi enterrado hoje à tarde no cemitério de Inhaúma, na zona norte carioca. Ele é um dos ao menos 23 mortos em uma chacina na última terça-feira (24) na Vila Cruzeiro — durante uma operação policial. Ele trabalhava em uma loja de calçados e deixou um filho de apenas 2 meses.

"Se pudesse, daria a minha vida para que o meu filho pudesse estar aqui hoje. Ele era um filho de ouro", disse Patrícia Costa, mãe de Douglas, durante o sepultamento.

Ela revelou ainda ter sonhado com a morte do filho há cerca de um mês. "Contei o sonho pra ele. Aí, ele riu e falou assim: 'eu sei me cuidar'. Espero que Deus me dê força para seguir. Porque sozinha, eu não consigo".

Segundo parentes, ele voltou de moto de uma festa na madrugada da operação policial quando desapareceu.

O corpo dele foi encontrado horas depois com marcas de tiro em uma área de mata. A mochila e os pertences dele estavam rasgados, informaram testemunhas.

"Ele era trabalhador e não merecia morrer desse jeito. Quando fomos buscar o corpo, a polícia ainda atirou em cima da gente", relatou a parente vitória nascimento.

Jovem fazia curso de vigilante

Ainda de acordo com a família, o jovem fazia um curso de vigilante. As apostilas de estudo estavam no baú na moto que foi arrombado, como conta o padrasto Augusto César Santos de Araújo, 47, chefe de barman.

"Abriram o baú, as apostilas do curso de vigilante sumiram, trocaram a roupa dele e colocaram uma blusa da polícia. Trocaram a blusa. Ele ainda foi levado para a mata. Ele nunca entraria lá [na mata]", contou ao UOL.

O padrasto disse ainda que houve uma emboscada seguida de massacre na região.

"Foi um massacre já calculado, só para fazer ruindade, eles foram para matar. Os policiais já estavam na mata, eles encurralaram todos e dispararam de cima [da mata] para baixo".