Grande Recife: Chuva faz ao menos 29 mortos; maioria chegou sem vida à UPA
As fortes chuvas que atingem o Recife e região metropolitana resultaram em 29 mortos e pelo menos cinco desaparecidos neste sábado (28). A informação foi dada pela Defesa Civil de Pernambuco. Com o temporal, sobe para 34 o total de óbitos no Grande Recife desde segunda-feira (23).
Dentre os casos, 20 pessoas morreram no Jardim Monte Verde, no Ibura, zona sul de Recife, após deslizamento de terras, sendo seis crianças e 14 adultos. Transferidos para a UPA do Ibura, a maioria já chegou sem vida, segundo informações do próprio posto de saúde. A vítima mais nova nessa ocorrência foi um bebê de oito meses, que, segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, chegou à unidade sem vida.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Pernambuco, pelo menos cinco pessoas estão desaparecidas sob os escombros de um deslizamento na cidade de Jaboatão dos Guararapes.
De acordo com a Defesa Civil do Recife, desde o começo da semana 21 mortes foram computadas na capital pernambucana; sete em Camaragibe: quatro e duas em Jaboatâo dos Guararapes. No começo da noite, porém, o Corpo de Bombeiros de Pernambuco informou que o número de mortos em Jaboatão tinha subido para três, mas esse óbito ainda não foi registrado na contagem oficial da Defesa Civil.
"Estou arrasado, principalmente depois da cena que eu vi, a mãe morreu agarrada com os dois filhos", relatou um morador do Jardim Monte Verde à Rádio Jornal. "Quando cheguei lá, eu vi o pessoal cavando já. Ajudei a tirar um casal, uma senhora com três crianças e mais três rapazes. Eles saíram daqui respirando ainda, mas não resistiram", afirmou.
Na UPA do Curado, duas crianças chegaram a ser socorridas, mas não resistiram.
No Córrego do Jenipapo, na zona norte do Recife, um jovem de 18 anos foi encontrado soterrado na manhã de hoje após o deslizamento de uma barreira na rua Padre Antônio Prado.
Na zona oeste da capital, no bairro de Sítio dos Pintos, um homem de 47 anos morreu soterrado após um deslizamento de barreira por volta da 0h30.
Em Camaragibe, na região metropolitana, outras seis pessoas morreram depois de um deslizamento de barreira pela manhã.
No município de Macaparana, na Zona da Mata Norte pernambucana, uma casa de tijolos construída às margens do rio Capibaribe-Mirim foi tragada inteira pela água. Não houve vítimas.
Segundo a Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), as cidades de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Igarassu e Abreu e Lima registraram precipitações acima de 200 mm em 24 horas.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou que sobrevoou áreas atingidas pela chuva, inclusive a região de Jardim Monte Verde, no Ibura, que concentra o maior número de mortes.
"Foi uma tragédia o que aconteceu lá. Vi as cenas exatas do que está acontecendo", afirmou. Segundo ele, a Defesa Civil está atuando no local. No bairro do Ibura, um grupo chegou a queimar pneus na BR-101 em protesto após o deslizamento.
Câmara também afirmou que o estado da Paraíba ofereceu apoio e que outros estados do Nordeste serão acionados em busca de ajuda.
Um vídeo divulgado em redes sociais mostra uma ponte sendo arrastada pelo rio Capibaribe, na região da antiga usina Mussurepe, no município de Paudalho, na zona da Mata do Recife.
A cidade registrou alagamentos em diversas áreas e há desalojados que estão sendo abrigados na Escola Municipal Genilda Martins.
Na cidade de Olinda, 282 pessoas estão desabrigadas e foram acolhidas em escolas municipais. A cidade decretou estado de emergência enquanto os efeitos da chuva perdurarem. Em Pernambuco, segundo a Defesa Civil, há 1.026 desabrigados.
Em entrevista à Rádio Jornal, o prefeito da cidade, Professor Lupércio (Solidariedade), informou que uma das áreas mais atingidas pelas chuvas é o bairro de Fragoso, onde na quarta-feira (25) moradores chegaram a fazer uma "competição aquática" em um canal transbordado.
Na tarde de hoje, o governo de Pernambuco informou que 92 soldados do Corpo de Bombeiros que seriam nomeados em junho tiveram a nomeação antecipada para atender à emergência nos municípios.
"Ao mesmo tempo, solicitei às Forças Armadas o envio de equipamentos que possam nos ajudar neste trabalho, que continua", disse.
Cortes de energia
A Neoenergia, empresa responsável pelo fornecimento de energia de Pernambuco, informou que algumas áreas alagadas das cidades do Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Paulista, Igarassu e Camaragibe tiveram desligamento de energia preventiva para evitar riscos à população.
A energia foi desligada em locais nos quais a água chegou à altura dos medidores, assim como em áreas solicitadas pela Defesa Civil e pelos bombeiros. Pontos onde quedas de árvores comprometeram os fios elétricos também tiveram o fornecimento suspenso de forma preventiva.
Interdições
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) relatou diversos pontos de alagamento ou de queda de barreira em Pernambuco. A BR-101 é a mais afetada no estado, com ocorrências em seis pontos diferentes, nos bairros do Barro, da Guabiraba e nos municípios de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. Também há registros de dificuldade para o tráfego nas rodovias BR-408 e na BR-232.
No km 78 da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, houve um protesto em razão de mortes após um desabamento, segundo a PRF.
Comitê de crise
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), afirmou que criou um comitê de crise e ativou o plano de contingência para mitigar os impactos das fortes chuvas.
À GloboNews, disse que "a prioridade é só uma: salvar vidas" e pediu que moradores que estejam em zonas de risco deixem suas casas e procurem um lugar seguro.
"Tenho alertado que todas as famílias que estão nas áreas de risco, que são 32 mil famílias, devem procurar abrigo em casas de familiares, abrigos da prefeitura e escolas municipais. Estamos abrindo as escolas [para recebê-las]. Já são 14 escolas que receberam pessoas em risco e vamos prover o necessário para essas famílias", explicou.
Campos informou ainda que, no momento, há uma grande dificuldade de deslocamento na cidade, devido ao aumento no nível dos rios urbanos que cortam as regiões recifenses. "É um fenômeno atípico. Nossa cidade costuma ter chuva todo ano, mas nunca tivemos um fenômeno dessa magnitude."
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