Antes de audiência, artista protesta por carroceiro morto em Pinheiros
"Ricardo foi assassinado com dois tiros nesse local" —grafitada em vermelho numa carroça branca, a frase impacta quem passa hoje de carro pela rua Mourato Coelho, na esquina com a rua Navarro de Andrade, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Foi naquele local que, em 2017, Ricardo Silva Nascimento, 39, foi baleado por policiais militares.
Quase cinco anos depois, às vésperas de uma audiência de instrução do caso no Tribunal de Justiça de São Paulo, o artista Mundano —que opta por ser identificado apenas pelo nome artístico— escolheu a esquina do assassinato para acorrentar uma carroça em protesto pela morte de Nascimento. Os dois se conheceram pessoalmente.
"Nosso desejo é que não acabe em impunidade. Foi uma execução, com diversas testemunhas, um erro atrás do outro da polícia. Foi uma execução", afirmou Mudano ao UOL.
Precisamos de uma vitória na justiça para não termos mais impunidade com a população pobre, preta e marginalizada. Os catadores são vítimas da violência policial."
Mundano, artista
O artista, que trabalha em projetos sociais de auxílio a carroceiros há dez anos, diz que Ricardo era uma "pessoa incrível". "Eu conhecia o Ricardo. Encontrava ele pelas andanças, uma pessoa incrível, um cara super tranquilo, que dividia tudo que tinha com os outros."
À época, a PM alegou que Ricardo Nascimento enfrentou dois policiais com um pedaço de madeira e foi alvejado. O policial José Marques Madalhano foi quem atirou.
Moradores da região que viram a cena, no entanto, disseram que não houve ameaça do carroceiro. O Ministério Público de São Paulo denunciou os dois policiais—Madalhano e Augusto Cesar da Silva Liberali— à Justiça em 2019.
Os agentes foram acusados de dificultar o trabalho da perícia à época, por terem removido o corpo do local e o colocado no porta-malas da viatura.
Hoje (7), quase três anos após a denúncia, a Justiça vai realizar a segunda audiência de instrução do caso. As testemunhas de acusação e de defesa serão ouvidas pelo juiz, e os réus serão interrogados, segundo o tribunal paulista.
Após a audiência, o magistrado decide se submete o caso a júri popular. Ainda não há data estabelecida.
A reportagem procurou a Secretaria Estadual da Segurança Pública e, caso um posicionamento seja enviado, a matéria será atualizada.
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